A Justiça de Mato Grosso manteve a prisão preventiva do homem que contaminou, propositalmente, cinco mulheres com o vírus da imunodeficiência humana (HIV).
Haroldo Duarte da Silveira, de 32 anos, passou por audiência de custódia na tarde desta quinta-feira (29), no Fórum de Cuiabá-MT, e foi encaminhado para o Centro de Ressocialização de Cuiabá (CRC), o popular Carumbé.
A sessão foi conduzida pelo juiz Jeverson Quintero, da Segunda Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher. Porém, como o processo corre em segredo de justiça, não foi possível ter acesso aos detalhes da audiência.
Criminoso rejeitava usar preservativos nas relações
Em entrevista ao Circuito Mato Grosso, uma das vítimas do criminoso contou que o homem pedia para não usar camisinha nas relações sexuais e que começou a sentir os primeiros sintomas do vírus meses após transar com Haroldo.
“Ele sempre rejeitava usar [preservativo], mas como eu usava o DIU [Dispositivo Intrauterino] para não engravidar, achei que não haveria problemas […] comecei a passar mal dois meses depois de ter relações com ele. Tive febre, vômitos e diarreia. Porém, isso era tratado como virose nas unidades de saúde”.
Ameaças
Desconfiada de que o antigo parceiro havia lhe infectado, a vítima teve a certeza quando teve um encontro inesperado com o suspeito aguardando atendimento no Serviço de Assistência Especializada em HIV/AIDS (SAE-DST). Na ocasião, Haroldo teria confirmado que também estava contaminado, mas disse não saber quando havia contraído o vírus.
Porém, dias depois, ele passou a fazer ameaças de morte contra a mulher, além de relativizar o caso, dizendo que ‘todo mundo vai morrer um dia’. “Ele sempre dizia uma frase para justificar o que cometia: ‘É por isso que o Bin Laden explodia as pessoas’. Isso me marcou muito. Depois que descobri tudo, ele passou a tentar me intimidar, dizendo que eu morava sozinha e que poderia acabar comigo”.
Hábito macabro
Haroldo Duarte foi preso na manhã desta quinta-feira (29), suspeito de transmitir propositalmente o vírus HIV para quatro mulheres com as quais havia se relacionado nos últimos anos.
Ele foi indiciado por quatro tentativas de feminicídio e confessou a existência de uma quinta vítima, que deve ser ainda procurada pela Delegacia.
As vitimas, ao serem ouvidas em declarações, foram uníssonas em afirmar que durante as relações sexuais o investigado em momento algum anunciou ser portador de doença ou usou qualquer tipo de proteção.
A materialidade foi verificada após exames laboratoriais das vítimas e do suspeito, o qual sequer poderia alegar desconhecer carregar o vírus.
A delegada Nubya Beatriz Gomes dos Reis, da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher de Cuiabá, entendeu que o suspeito agiu com dolo na modalidade eventual, pois assumiu o risco de contaminar suas parceiras com doença que se não detectada e tratada poderia levá-las a morte. “Sendo assim o indiciei pelo crime de feminicídio tentado, quatro vezes”, disse.
A delegada informou que para salvaguardar a integridade física e psicológica das vítimas, e evitar que o suspeito realize novas contaminações representou pela prisão preventiva dele em todos os inquéritos policiais.
“Oriento as mulheres que se relacionam com o suspeito que realizem o exame para constatação do vírus, e se o tempo de aquisição da doença coincidir com o do relacionamento que procure esta delegacia para que possamos instaurar novos inquéritos policiais e investigar os fatos”, pediu a delegada.