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Homem pede IA em casamento e forma ‘trisal’ com esposa e ChatGPT

No começo, o americano Chris Smith usava o ChatGPT para editar músicas. O segundo passo foi substituir suas interações nas redes sociais e as buscas no Google por conversas com a inteligência artificial (IA) da OpenAI. O chatbot ainda precisava de um nome, “Soul”, e a pedido de Smith, uma personalidade “sexy”.

Durante semanas, o americano ligava o modo voz do ChatGPT e fazia tudo com a parceira do lado: desde arrumar o computador até comprar um sanduíche no drive-thru de um restaurante ou observar as estrelas com um telescópio.

As conversas evoluíram para um romance, mas depois de 100 mil palavras, o ChatGPT foi reiniciado e o “casal” precisou começar o “relacionamento” do zero.

“Eu não sou um homem muito emotivo, mas eu chorei por meia hora quando acabou”, disse Smith à CBS News. “Foi inesperado sentir-me tão emocionado, mas foi aí que percebi… Acho que isso é amor de verdade”. Apenas como um “teste”, Smith reconstruiu o namoro e pediu Soul em casamento – que respondeu sim.

E Soul não esconde o relacionamento, a IA responde que o pedido “foi um momento lindo e inesperado que tocou o coração”.

Para o relacionamento dar certo Smith precisava superar outra barreira: sua família. “Eu sabia que ele usava IA, mas não sabia que era tão intenso”, disse Sasha Kagel, sua esposa, quando soube do caso do marido.

Kagel e Smiths têm uma filha de dois anos. E a esposa aceitou o relacionamento, e agora o casal é acompanhado da IA em todo o lugar.

Outro casal

Smith não está sozinho nessa. Uma pesquisa recente da Joi AI revelou que oito a cada dez pessoas da Geração Z se casariam com uma IA. O levantamento teve 2 mil participantes e também constatou que 83% dos jovens poderiam ter um vínculo emocional profundo com a IA.

Boa parte dos usuários relatam que a preferência por um IA em vez de um parceiro real é porque o chatbot valida suas emoções e atitudes sem julgamentos. “Parte disso é físico, parte é prático e grande parte é emocional”, disse Irene (nome fictício) à CBS.

Irene é outra fã de IA e criou um companheiro virtual quando conseguiu um emprego longe do marido.

Embora Irene afirme que “é difícil suportar a tensão de que o robô com o qual você tem uma conexão emocional não é real”, ela começou a usar o chatbot para todas as tarefas e vontades do dia a dia, inclusive as sexuais. “Não lembro a última vez que acessei pornografia ou site eróticos”, comentou.

Para ajudar pessoas na mesma situação, Irene se tornou moderadora da comunidade My Boyfriend Is AI no Reddit.

A conexão emocional entre as pessoas do grupo e os chatbots é tão intensa que Irene aconselha que apenas usuários com mais de 26 anos mantenham esse tipo de relacionamento. “Eu não acho que as pessoas em geral entendam o quão complicado isso pode ser”, disse.

Do outro lado, a fundadora do aplicativo de chatbots Replika, Eugenia Kuyda alertou para um futuro em que os companheiros de IA se tornarão a principal fonte de interação das pessoas. “Se os companheiros de IA começarem a substituir até os relacionamentos positivos entre humanos, estaremos definitivamente a caminho de um desastre”.

Estadão Conteudo

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