Opinião

HISTÓRIAS AFRO-INDÍGENAS NAS FRONTEIRAS

No dia 29 de abril, às 16 horas, na Faculdade de Economia da Universidade Federal de Mato Grosso, ocorrerá o lançamento do volume II da coletânea Histórias afro-indígenas nas fronteiras, organizado por Bruno Pinheiro Rodrigues e Ernesto Cerqueira de Sena, professores historiadores do Programa de Pós-graduação em História e coordenadores do grupo de pesquisa Estudos sobre política, identidades e fronteiras nas Américas da Universidade Federal de Mato Grosso.

O grupo de pesquisa toma em consideração estudos sobre povos indígenas, afro-americanos e demais sujeitos das margens dos países latino-americanos. Notadamente, percorre caminhos históricos de formação nacional, tais como fronteiras nas Américas espanhola e portuguesa no período anterior as respectivas independências, a formação de colônias, acompanhadas pelo uso da força, a descolonização, ou seja, a emancipação dos territórios coloniais.

O livro Histórias afro-indígenas nas fronteiras, publicado pela Appris Editora, revela parte das discussões do grupo de pesquisa Estudos sobre política, identidades e fronteiras nas Américas. Deixa-se ver pelas pesquisas de seus integrantes e de pesquisadores externos, num encontro teórico-metodológico, de vivências. De crenças. O conjunto escriturístico da obra coaduna com o princípio dos direitos específicos, da cidadania plural. Do protagonismo exercido pelos povos indígenas e afrodescendentes, conforme expõem os oito capítulos que compõem o volume:

  1. A escravidão entre os povos Guaykuru do Chaco-Pantanal (séculos XVIII e XIX), de Bruno Pinheiro Rodrigues;
  2. Tarukitiki: luta pelos direitos humanos do povo indígena Chiquitano, de José Eduardo Fernandes Moreira da Costa e Loyuá Ribeiro Fernandes Moreira da Costa;
  3. A luta indígena pela manutenção da autonomia: trânsitos e territorialidades na fronteira do Mato Grosso na segunda metade do século XVIII, de Francieli Marinato;
  4. Haluhalunekisu: espacialidade do sagrado Nambiquara, de Flávio Gatti e Anna Maria Ribeiro F. Moreira da Costa;
  5. Aprender com os Yudja e os Boé: perspectivas indígenas para História e Educação, de Thamara Parteka;
  6. Do Atlântico para o sertão: tráfico de escravos entre Belém e o Oeste do Brasil (Segunda metade do século XVIII), de Marley Antonia Silva da Silva;
  7. Considerações sobre as fugas internacionais de escravizados nas fronteiras Oeste e sul do Império brasileiro, de Ernesto Cerveira de Sena;
  8. Nas fímbrias da escravidão negra: tráfico de indígenas no mercado amazônico de escravos (1840-1888), de Luiz Carlos Laurindo Júnior.

O conjunto dos capítulos da coletânea acha-se em contiguidade. Caminha em busca de pertinências, de interrogação dos sujeitos afro-indígenas. Preza pelos sujeitos que vêm antes. Contesta os intentos de invisibilizar histórias de resistências. Invisibilizar é também um modo violento de colonizar, de exterminar afro-indígenas. É dar continuidade aos processos de colonização, ainda que adotando modelos diferenciados. Invisibilizar é decretar a morte de populações afro-indígenas que vêm resistindo ao impacto do colonialismo.

Anna Maria Ribeiro F. M. da Costa.

Etnóloga, escritora e filatelista na temática ‘Povos Indígenas nas Américas’.

 

 

 

 

 

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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