Política

“História de Amor” com o executivo marca gestão de Maluf

Com pouco mais de um ano frente à gestão da Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso (ALMT) a administração Guilherme Maluf (PSDB) frente à casa de leis divide opiniões dos deputados.  Guilherme Maluf é publicamente reconhecido como amigo pessoal do governador Pedro Taques, sendo que o governador já  elogiou publicamente o presidente da Assembleia Legislativa. Dessa forma fica difícil não relacionar a amizade dos dois com a diretoria na casa de leis. Alguns deputados afirmam que essa “amizade” é prejudicial para a administração da Assembleia, uma forma de “submissão” da casa em relação ao executivo.  

Como resposta a essas críticas, o próprio Guilherme Maluf já deu declarações públicas durante o seu mandato de que o legislativo não é um poder subserviente ao governador. Mas não é essa a impressão de alguns de seus colegas. 

O grande ponto positivo, de acordo com a maior parte dos deputados, é a devolução de verbas da Assembleia Legislativa para os cofres do Governo do Estado, o que fez com que a casa de leis passasse por um processo de economia.  Mas, mesmo assim, como relembra o Jornal Circuito MT, os deputados chegaram a ameaçar um calote do presidente, por conta dessa economia forçada. Ao todo, foram devolvidos R$ 50 milhões do legislativo para o executivo. Um montante que não agradou a todos os deputados. 

O parlamento mato-grossense é um dos mais caros do País. Além do salário mensal de R$ 25,5 mil, os parlamentares também recebem de verba indenizatória o valor de R$ 65 mil, o que contabiliza ao menos R$ 1,56 milhão de gastos por mês. São pessoas que não estão acostumadas com redução de gastos. 

E esses valores não param por aí. Conforme divulgado na edição 537 do Circuito Mato Grosso, fontes revelaram que cada deputado tem cerca de R$ 15 mil disponíveis para o gasto de mídia – montante negado pelo presidente tucano, que revelou que esses gastos são somados em apenas um orçamento. 

Outros gastos levantados pelo jornal seriam cerca de R$ 12 mil de investimentos em fundo de aposentadoria para cada um dos deputados e outros R$ 100 mil que serviriam para cargos comissionados indicados pelos deputados para cada gabinete. Ambos os benefícios foram igualmente negados pela presidência da Casa.

Em relação ao próximo gestor da Casa, nos bastidores circula a informação de que o deputado Eduardo Botelho (PSB) vai tentar a presidência. O deputado que saiu de licença por 120 dias, em 19 de dezembro passado, e foi substituído pelo ex-reitor da Unemat, Adriano Silva (PSB), decidiu retornar às atividades parlamentares na sessão ordinária no último dia 1. Com isso, o progressista deixa a Assembleia antes dos quatro meses previstos quando assumiu. 

Nos bastidores circula a informação de que Botelho reassumiu em troca do apoio do deputado estadual Leonardo Albuquerque (PDT), na disputa pela presidência da Assembleia. O objetivo do acordo seria tirar Adriano dos holofotes já que ambos disputam a liderança política, em Cáceres. Entretanto, Botelho nega qualquer acordo com Leonardo. Ambos os deputados foram procurados pela reportagem mas não retornaram as ligações. 

O deputado Eduardo Botelho também é investigado por compra de votos nas eleições de 2014. A prática teria ocorrido em Várzea Grande, uma de suas principais bases-eleitorais.  

Atualmente a diretoria da ALMT é composta por Guilherme Maluf, na cadeira de presidente; Eduardo Botelho como vice; Pedro Satélite (PSD) como segundo vice; Nininho (PR) como primeiro secretário; Wagner Ramos (PR) como segundo secretário; Max Russi (PSB) como terceiro secretário e Baiano Filho (PMDB) como quarto secretário. 

O balanço dos deputados da gestão Guilherme Maluf:

Altir Peruzzo – PT “É difícil avaliar, entrei há três semanas, não tenho como fazer um juízo. Vou observar como as coisas estão fluindo para formar uma opinião.”

Silvano Amaral – PMDB “Foi boa, quer dizer, esta sendo (a administração), não tenho nada a reclamar não.  A estrutura para trabalhar é boa, nenhum problema não. O único problema é a submissão para o governo, da mesa diretora. Basta só olhar os repasses para entender. Essa submissão é por parte da mesa diretora, não dos deputados.”

Baiano Filho – PMDB “Esta sendo muito boa (a administração), porque não é fácil estar à frente de uma diretoria, mas está sendo conduzida com firmeza na direção. Os parlamentares têm condições de trabalho muito boas. Não tenho nenhuma observação negativa para falar.” 

Emanuel Pinheiro – PR “O Guilherme é muito gente boa, mas na gestão da administração da Assembleia tem deixado o lado pessoal de sobrepor. Nós sabemos que deve prevalecer a harmonia entre o chefe do legislativo, do executivo e do judiciário, tem que haver essa harmonia, mas a independência deve prevalecer. E eu acho que o fato de Maluf ser amigo do governador tem prevalecido, do ponto de vista político, o que prejudica a Assembleia.”

Jajah Neves – PDT “uma gestão que vem aproximando o cidadão da casa de leis, onde o cidadão deixa de ser decorativo e passa a ser participativo. Realmente um divisor de águas de dentro da casa e no Estado. Ele já está há um ano à frente na casa e o sentimento que paira é de maior participação, de uma casa de leis aberta não só aos deputados, mas a todos.” 

Saturnino Masson – PSDB  “Eu acho que está boa, mediante ao que a gente ouvia.  Está boa, sim, a gestão. Até porque todo o ser humano tem falhas, sempre alguém reclama que faltam  recursos e essas coisas. Mas eu acho que está indo bem. Acredito que pelo momento nacional que estamos atravessando tem que fazer economia e trabalhar com a diminuição de despesas,  e nesse meio termo acredito que  ele está se saindo bem.”

Oscar Bezerra – PSB “Uma administração básica. Melhorou em alguns aspectos e piorou em outros. Por exemplo, o atendimento aos deputados está muito a quem do que deveria ser e esse é um dos aspectos ruins, no entanto a credibilidade do parlamento mediante a população melhorou, no sentido de prestação de contas, mas esse é um mérito muito maior dos próprios deputados do que da gestão. Acredito que foi uma administração estável, com as partes boas e as partes ruins. No entanto a parte ruim se sobrepõe às boas porque é diretamente associada aos deputados.”

Zeca Viana – PDT  “Na minha opinião, houve muitos avanços na parte de economia, ele deixou de fazer vários gastos. Mas como chefe da casa ele deixou muito a desejar. Ele ouviu muito o executivo e deixou de ouvir os colegas deputados. Ele tinha que sempre trabalhar favorável à instituição, vejo nesse sentido que ele pecou. Ele como presidente deixou a desejar.” 

Veja mais na edição 576.

Nealla Machado

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