A vitória de Donald Trump pode não ser a última surpresa das eleições presidenciais norte-americanas. Devido ao complicado sistema eleitoral dos EUA, existe a possibilidade, ainda que improvável, de os delegados republicanos designados para representar o voto popular não concretizarem o voto em Trump no Colégio Eleitoral.
O Colégio Eleitoral vai se reunir no dia 19 de dezembro para definir, concretamente, quem será o presidente dos EUA. A tradição é de que os delegados respeitem a vontade popular, explica Pedro Costa, professor de relações internacionais das Faculdades Rio Branco.
— O delegado pode mudar o voto, mas isso é raríssimo. A última vez que isso aconteceu foi em 2004 e foi com apenas um delegado, um republicano que mudou o voto.
Além disso, 29 Estados têm leis que garantem isso, entre eles, Flórida e Ohio, Estados considerados "vira-casaca".
— O Trump se elegeu com 279 delegados, então, pelo menos dez deles teriam que mudar o voto, já que o mínimo para eleição é 270 delegados. Isso é muito difícil.
Nos EUA, a população elege o presidente de forma indireta. O voto é separado por Estado e vai, inicialmente, para o partido do candidato escolhido. O partido que recebe mais votos leva os delegados (representantes do voto popular) a que aquele determinado Estado tem direito. Ou seja, o voto individual serve para definir qual partido leva os delegados do Estado e para indicar como esses delegados devem votar.
Cada um dos 50 Estado norte-americanos tem direito de eleger uma quantidade de delegados diferente, que é igual a dois senadores mais o número de seus deputados, que, por sua vez, é baseado no censo populacional. No geral, o partido vencedor leva todos os delegados a que o Estado tem direito, com exceção de Maine e Nebraska. No total, são 538 delegados: 100 senadores, 435 deputados e mais três eleitores nomeados pelo Distrito de Colúmbia.
Esse sistema faz com que o número de delegados não seja, necessariamente, proporcional ao número de pessoas de um determinado Estado. É por isso que um presidente pode ser eleito, mesmo sem ter alcançado maioria entre a população. Foi este o caso das eleições deste ano, quando Hillary conquistou 47,7% dos votos (59.926.587) contra 47,5% de Trump (59.695.020). A diferença foi de mais de 228 mil votos.
Fonte: R7