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Haddad cita convergência ‘importante’ em torno do arcabouço e fala em ‘ancorar expectativas’

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a reunião que teve na terça-feira, 29, com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sua equipe e a Casa Civil foi importante para a convergência a respeito das medidas para corte de gastos que serão tomadas pelo governo. Sem detalhar o que está em análise, ele reiterou nesta quarta-feira, 30, que as despesas obrigatórias precisam caber no arcabouço fiscal e que a fórmula que está sendo trabalhada pelo governo vai permitir a ancoragem das expectativas.

“O meu trabalho é esse: tentar entregar a melhor redação possível para que haja compreensão do Congresso, da situação do mundo e do Brasil, e nós possamos ancorar as expectativas e sair desse redemoinho que não faz sentido à luz dos indicadores econômicos do Brasil”, disse o ministro ao ser abordado por jornalistas ao deixar a sede da Fazenda para participar de um evento no Palácio do Planalto.

Segundo Haddad, a reunião realizada na noite de terça-feira firmou uma convergência “importante” em torno da necessidade de reforçar o arcabouço fiscal. Ele disse que há uma ideia que precisa ser trabalhada juridicamente, e que atende aos interesses da equipe econômica. Sem fixar uma data para o anúncio da medida, ele disse que existe um desafio de redação e que a proposta deve ser encaminhada por meio de uma emenda constitucional. Ele ainda não conversou com o Congresso sobre o tema.

“É o que eu tenho dito há muito tempo já. A dinâmica das despesas obrigatórias tem que caber dentro do arcabouço, para que as partes não comprometam o todo e o arcabouço tenha sustentabilidade de médio e longo prazo, que é hoje a dúvida que preside as incertezas no mercado”, repetiu ele.

Questionado sobre o impacto das medidas, ele disse que será o necessário para o cumprimento do arcabouço sem que haja dependência de uma rubrica específica.

Haddad foi questionado sobre a reação ruim do mercado à falta de anúncio concreto sobre o corte de gastos. Ele relembrou o que ocorreu quando o governo estava elaborando o arcabouço fiscal e também houve volatilidade, mas defendeu que é preciso ter tempo para não errar. “O arcabouço fiscal demorou dez dias a mais do que o previsto, que foram importantes para fazer uma redação adequada. Você está lidando com finanças públicas, você não pode errar”, disse.

Apesar de falar sobre o processo de elaboração das medidas para redução de gastos, Haddad não detalhou nenhuma proposta em análise. Questionado sobre se a equipe econômica considerava alguma mudança em vinculações, ele repetiu que a equipe quer dar sustentabilidade ao arcabouço.

“Em economia nem sempre o que parece é. Quando você acerta na fórmula, o dinheiro vem para aquilo que é necessário o Estado prover. Se você erra na fórmula, tem baixo crescimento, tem inflação, tem desemprego, aí o dinheiro não vai aparecer. Nós temos que tomar cuidado com esse tipo de ilusão. Há muita ilusão a respeito de como funciona a economia. Nós temos que calibrar direito para dar o melhor bem-estar possível para as pessoas”, declarou Haddad.

Estadão Conteudo

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