O vírus da gripe H1N1 voltou a atingir o Brasil e já assola 11 Estados, principalmente São Paulo. De acordo com o Ministério da Saúde, o País registrou 305 casos da doença até 19 de março. Foram 46 mortes até a data, 10 a mais que no ano passado inteiro.
A Região Sudeste concentra o maior número de casos (266), sendo 260 em SP. Os outros Estados que registraram casos neste ano são Santa Catarina (14); Bahia (10); Pernambuco (5); Minas Gerais, Rio de Janeiro (3); Mato Grosso (2); e um caso no Pará, Ceará, Paraná e Mato Grosso do Sul. Já o Distrito Federal contabilizou três ocorrências.
Com relação ao número de óbitos, São Paulo registrou 38, seguido por Bahia e Minas Gerais, cada um com dois óbitos; e de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Ceará, com um óbito cada.
Em 2016, o vírus apareceu mais cedo, em março – ele é esperado normalmente para maio, junho e julho. Mas o que pode ter mudado o ciclo do H1N1? Esta é a pergunta que muitos profissionais de saúde estão fazendo no momento.
“Acredita-se que esta circulação mais precoce possa estar relacionada à forte temporada de influenza que ocorreu no hemisfério norte neste último inverno. Mas a explicação mais plausível ainda não foi determinada. O que sabemos há muito tempo é que o vírus influenza é sempre surpreendente e que nunca podemos saber com exatidão como será o comportamento dele a cada ano”, afirma a infectologista Rosana Richtmann, do Hospital e Maternidade Santa Joana.
O vírus H1N1 é do tipo influenza A, um dos causadores da gripe comum. É o mesmo responsável pela pandemia de gripe suína ocorrida em 2009. Só no Brasil, naquela época, foram 50 mil casos e mais de 2 mil pessoas morreram.
Apesar das semelhanças com os sintomas iniciais da gripe comum – febre, tosse, coriza, dor de garganta, na cabeça e no corpo –, a H1N1 pode ser ainda mais perigosa. Segundo Richtmann, além dos sintomas normais de gripe, outra forma de apresentação do H1N1 mais grave é a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).
“Ela é caracterizada por falta de ar, diminuição da saturação de oxigênio, desconforto respiratório, podendo evoluir para insuficiência respiratória, choque e até a morte.” Em alguns casos, também podem ocorrer vômitos e diarreia. Testes laboratoriais são capazes de identificar por qual tipo de vírus o paciente foi infectado.
O tratamento basicamente é realizado com um medicamento antiviral, de uso oral, por cinco dias. “Para ser efetivo, deve ser iniciado o mais precoce possível, preferentemente até 48h do início dos sintomas. Além do uso do antiviral, podemos prescrever sintomáticos, para aliviar os sintomas”, diz a infectologista.
A prevenção, contudo, é a maneira mais eficaz de combater a doença. “As medidas mais importantes são a higienização das mãos frequentemente, com água e sabão ou álcool gel”, recomenda Richtmann. Além disso, indica-se manter ambientes arejados e ventilados e evitar locais fechados com grande número de pessoas. Alimentação correta, ingestão de água e a prática de exercícios físicos também reduzem as chances de contrair o vírus.
Vacinação
Outra forma efetiva de prevenção é o uso da vacina específica contra a gripe. Ela já está disponível na rede privada e, a partir de 30 de abril, está prevista para ser disponibilizada também na campanha do programa nacional de imunização, da rede pública.
O Ministério da Saúde, no entanto, vai permitir a antecipação da vacinação contra a doença, e os Estados interessados poderão começar a imunizar grupos considerados mais vulneráveis antes da campanha nacional. Em São Paulo, o primeiro lote está previsto para ser liberado nesta sexta-feira (1º) – nos demais Estados, a partir de segunda (4).
Nas unidades públicas de saúde, a vacina é destinada a alguns grupos prioritários: crianças de 6 meses a 5 anos, gestantes, idosos, profissionais da saúde, povos indígenas e pessoas portadoras de doenças crônicas e outras que comprometam a imunidade.
Tanto a vacina das clínicas privadas quanto a da campanha governamental contém o H1N1, além de outros dois tipos de influenza (H3N2 e influenza B).
“Estima-se que o tempo de proteção conferido pela vacina seja de um ano, porém essa resposta pode variar, conforme o tipo de paciente, idade e hábitos”, afirma Rosana Richtmann.
São Paulo
A cidade de São Paulo já registrou oito mortes e 66 casos confirmados de gripe H1N1 somente em 2016, informou na segunda-feira (28) o secretário de Saúde Alexandre Padilha. No mesmo período de 2015, foram contabilizados 12 casos e nenhum óbito.
A vacina já foi antecipada, com lotes do ano passado, na região noroeste do Estado. Já são 16 mortes causadas pelo vírus este ano na área.
O governo também negocia adiantar a compra da nova vacina, da fabricante francesa Sanofi Pasteur. Há relatos da falta do medicamento Tamiflu, usado para combater a gripe, nas farmácias. A reportagem do site já entrou em contato com o laboratório Roche, que fabrica o medicamento, mas ainda não obteve um retorno sobre o assunto.
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), não há qualquer restrição por parte da agência na comercialização do Tamiflu.
Fonte: iG