Foto Ahmad Jarrah
O advogado Rodrigo Mudrovitsch, que realiza a defesa do delator da Operação Rêmora, Giovani Guizardi, evitou comentar as declarações feitas pelo empresário Alan Malouf, contra o seu cliente.
Em depoimento ao Grupo Especial de Atuação Contra o Crime Organizado (Gaeco), no dia 16 de dezembro do ano passado, Malouf atribuiu à responsabilidade das supostas fraudes investigadas pela Operação Rêmora, à Guizardi, proprietário da Dínamo Construtora.
“É uma questão que diz respeito à defesa dele [Malouf]. Eu não vou questionar isso. O meu cliente Guizardi tem o compromisso de dizer a verdade e ele vem cumprindo esse compromisso”, afirmou Mudrovitsch, após seu cliente ter prestado novo depoimento ao Gaeco, na tarde desta quarta-feira (8).
O advogado acrescentou que as autoridades já certificaram a validade do depoimento de seu cliente e que as novas investigações são frutos das informações prestadas por Guizardi à Justiça.
“Acho que não nos compete agora entrar em polêmica com o que os demais investigados falam. Concerne à Justiça investigar e apurar os fatos”, finalizou Mudrovitsch.
A operação Rêmora investiga supostas fraudes a licitações e cobrança de propina de empresários que mantinham contrato com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc). Na investigação, que já gerou duas ações penais na Vara Contra o Crime Organizado da Capital, Guizardi é apontado como um dos líderes da suposta organização criminosa que atuou na Pasta.
Ele seria o responsável por cobrar as propinas de empresários que realizaram obras de construção e reforma em escolas estaduais.
Devolução de bens
No termo de acordo de colaboração premiada, Guizardi se comprometeu em ressarcir os cofres públicos em R$ 240 mil. O valor é o dobro do que ele teria se beneficiado.
No entanto, nesta quarta-feira, Mudrovitsch não soube informar a quantia já devolvida, mas que “isso está sendo feito com religiosidade”.
Delação
Guizardi foi preso em maio de 2016, durante a deflagração da 1ª fase da Operação Rêmora, sob a acusação de gerir o esquema de fraudes em licitações e propina na secretaria.
No final de novembro, ele começou a cumprir prisão domiciliar, após firmar termo de colaboração premiada com o Gaeco.
Em sua delação, o empresário afirmou que as fraudes na Seduc teriam o objetivo de pagar o investimento de R$ 10 milhões feito pelo empresário Alan Malouf na campanha do governador Pedro Taques (PSDB), em 2014.
Ao Gaeco, Guizardi afirmou não ter sido o responsável por criar a referida organização criminosa.
De acordo com o depoimento, a organização foi montada em 2015, com o objetivo de arrecadar "fundos ilícitos" para saldar pagamentos não declarados em campanhas eleitorais ocorridas no ano de 2014.
Guizardi contou que quando Alan o colocou no esquema, a organização criminosa na pasta já contava com a participação do então secretário Permínio Pinto, do ex-servidor Fábio Frigeri e dos empreiteiros Leonardo Guimarães e Ricardo Sguarezi.