Foto Reprodução
Angela Boldrini, Bruno Molinero, Estelita Hass Carazzai e Luiza Franco – DA FOLHAPRESS
Manifestantes protestaram contra o presidente Michel Temer em várias capitais do país na noite desta quinta-feira (18). Houve registro de confusão com a PM em Brasília e no Rio de Janeiro.
Os protestos aconteceram após o STF (Supremo Tribunal Federal) divulgar o áudio de uma conversa entre Temer e o empresário Joesley Batista, dono da JBS, em que o peemedebista tomou conhecimento de um plano para interferir em investigações.
Na capital fluminense, os manifestantes se concentraram, ainda durante a tarde, em frente à igreja da Candelária, no centro da cidade, e foram até a Cinelândia, onde a polícia iniciou a dispersão do grupo com bombas de gás e balas de borracha.
Com bandeiras da CUT, PC do B, PCB e CTB, pediam "Diretas-Já" por meio de cartazes e camisetas. Eles também pediram o impeachment do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB). Organizadores falaram em 50 mil presentes. A PM do Rio não divulga estimativa de público de manifestações.
"Achei bom Temer não renunciar porque assim teremos o prazer de derrubá-lo nas ruas", disse o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL).
Em Brasília, as manifestações contaram com cerca de 1.500 pessoas em estimativa da PM. Manifestantes se aproximaram do Palácio do Planalto e gritaram palavras de ordem como "se empurrar o Temer cai" e, mais uma vez, "Diretas-Já".
Os manifestantes jogaram pedras no cordão da PM, que isolava o palácio. A polícia avançou, com bombas, gás e spray, e fez com que as pessoas que participavam do ato se dispersassem.
Parte dos manifestantes correu em direção à rodoviária, onde ao menos uma pessoa foi detida. Dois repórteres da "Mídia Ninja" foram empurrados durante a abordagem. Jornalistas da "Folha de S.Paulo" também foram intimidados pelos policiais, mas não foram revistados.
A PM foi procurada para comentar a ação dos policiais, mas ainda não respondeu.
OUTRAS CIDADES
Milhares de manifestantes ocuparam vias de algumas das principais cidades do Brasil nesta quinta para pedir a saída do presidente Michel Temer (PMDB) e defender a realização de eleições diretas para o cargo.
Em São Paulo, centenas ocuparam uma das faixas da avenida Paulista no sentido Consolação, em frente ao prédio do Masp. Carro de som e bandeiras de partidos como PSOL e PSTU marcaram presença. Parte dos presentes se dirigiu para o gabinete da Presidência, na mesma avenida, para protestar.
Representantes de sindicatos como CUT e CTB também participaram. Alguns ensaiaram coro de "Fora, Maia", em referência ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o primeiro na linha sucessória da República.
A situação foi tranquila durante todo o ato. Com isso, o clima na Paulista era de domingo, com os dois sentidos bloqueados na altura do metrô Consolação, e ambulantes vendendo cerveja, churrasquinho e guarda-chuva. Grande parte dos manifestantes já havia se dispersado às 21h30.
A Frente Povo Sem Medo, que reúne cerca de 30 movimentos, convocou manifestações em Rio, Fortaleza, Recife, Belo Horizonte, Curitiba, Brasília, Porto Alegre e São Paulo.
Em Curitiba, grupos de estudantes e de sindicalistas se uniram para bradar "com esse Congresso, não dá. Fora Temer, diretas já". Centenas de pessoas compuseram o ato, que transcorreu sem problemas, levando faixas pedindo "greve geral".
Movimentos que estiveram em lados opostos nas manifestações que antecederam o impeachment de Dilma Rousseff (PT), em 2016, convocaram para domingo (21) atos pedindo a saída de Temer.
O Vem Pra Rua, que pediu o impeachment, e as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, contrárias à sua queda, devem protestar na avenida Paulista, em São Paulo. Ambos afirmam, no entanto, que não haverá ato unificado.