A Polícia Federal deflagrou ontem uma operação contra um grupo que realiza serviços de pagamentos para bets não autorizadas e golpistas. De acordo com a PF, a Operação Backyard teve como alvo uma quadrilha que encaminhava o dinheiro para o exterior, via criptoativos, e lavava recursos do crime para agentes públicos e suspeitos de envolvimento com o tráfico de drogas. O grupo movimentou cerca de R$ 1,6 bilhão em menos de três anos, conforme a investigação dos agentes federais.
SANTA CATARINA E PERNAMBUCO
Os policiais foram ontem às ruas para realizar buscas em nove endereços em Itajaí, Balneário Camboriú e Navegantes, em Santa Catarina, e Olinda, em Pernambuco. As ordens foram expedidas pela 1ª Vara da Justiça Federal em Itajaí, que decretou ainda o bloqueio de até R$ 70 milhões em bens e valores de investigados na operação. O embargo atinge também valores de exchanges de criptoativos em instituições de pagamentos.
De acordo com a investigação da PF, a quadrilha mantém empresas no litoral de Santa Catarina que prestam serviços de tecnologia de pagamentos para plataformas da internet. A PF constatou que, entre os clientes do grupo, estariam plataformas não autorizadas de apostas esportivas e golpistas.
O dinheiro era encaminhado para o exterior via criptoativos, configurando o crime de evasão de divisas. Os agentes identificaram fluxos dedicados à lavagem de dinheiro para agentes públicos e o tráfico.
O inquérito aponta que, apesar da altíssima movimentação financeira do grupo, grande parte das empresas não tem nenhum indicativo de efetivo funcionamento.
A Polícia Federal suspeita que as empresas, em sua maioria, são de fachada ou holdings, “que buscam blindar o patrimônio angariado com as atividades desenvolvidas”.
EXPANSÃO PARA O EXTERIOR
A PF ainda afirma que “há indícios contundentes” de que o grupo expandiu, nos últimos meses, sua atuação para o exterior, abrindo escritórios em outros países da América Latina e em Portugal.
No início do mês, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou que a PF está combatendo ações criminosas envolvendo as bets, como lavagem de dinheiro e ligação com crime organizado.