A polícia calcula que pelo menos 20 famílias tenham sido vítimas de golpes aplicados em hospitais, apenas neste ano, em Cuiabá. Os estelionatários telefonam para os parentes de pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e dizem que o estado de saúde desses pacientes se agravou e pedem dinheiro para comprar medicamentos, que seriam a única chance de melhora para o doente.
Somente no Hospital Universitário Júlio Müller, na capital, foram três casos no mês passado. Em um deles, chegou a ser feito um depósito de R$ 1,5 mil numa conta bancária indicada pelos criminosos. Nos outros dois casos, o golpe foi descoberto a tempo de não ter feito o depósito.
Em um deles, a família entrou em contato com a administração do hospital para confirmar o pedido de dinheiro e descobriu a fraude. No outro, uma coincidência: o paciente era primo de uma funcionária do hospital. Ele tinha sido internado para uma cirurgia na vesícula, mas o golpista pedia dinheiro para tratamento contra leucemia.
Na certeza de que o hospital não cobra nada pelos procedimentos, ela alertou a família e conseguiu gravar uma ligação, com a ajuda da sobrinha. "Eu só solicitei à família para que continuasse a conversa para descobrir o que é que eles queriam", disse a professora Joceli Lins, da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
A suspeita paira, inclusive, sobre funcionários do hospital, pois os golpistas tem acesso aos nomes e prontuários dos pacientes. As escalas de profissionais são públicas e é possível saber quem está trabalhando em qualquer dia e hora no site do hospital.
"Então, obviamente, alguém de lá de dentro da UTI está passando informações", avaliou o delegado José Carlos Damian, que investiga o caso. Ele orienta, ainda, que, na dúvida, a melhor saída é conversar pessoalmente com o médico responsável pelo paciente.
O superintendente do hospital, Francisco Souto, disse que se preocupa com a possibilidade de que os próprios funcionários estejam sendo ludibriados e acabem passando essas informações.
Com informações do G1