Os servidores do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) realizam na manhã quarta-feira (01) um novo protesto em frente ao Palácio Paiaguás, em Cuiabá (MT), para pressionar o Governo do Estado a conceder aumento salarial.
Nesta terça-feira (31) durante manifestação, três servidores estaduais foram presos após supostamente terem afrontado a Polícia Militar, que estava no local e trancou a passagem de acesso ao órgão administrativo. No entanto, o Sindicato dos Trabalhadores (Sinetran) divulgou um vídeo em que mostra os militares jogando gás-lacrimogênio e spray de pimenta nos grevistas, causando intoxicação e sufocamento. Além disso, um terceiro oficial aparece aplicando golpe de mata-leão em outro servidor, que chega a passar mal.
Depois de terem sido levados no camburão para o Cisc Planalto, na Capital, ambos tiveram apoio de demais líderes sindicais e dos deputados de oposição Alan Kardec (PT) e Janaína Riva (PMDB), que se dispuseram a “comprar a briga” para tentar solucionar a questão.
A parlamentar chegou a divulgar em suas redes sociais imagens dentro da delegacia e inclusive o pai da servidora presa também sendo detido. Segundo a assessoria do Sinetran ele teria sido preso por “tentar te acesso a filha”.
Todavia, após paziguada a confusão, o secretário-chefe da Casa Civil, Max Russi (deputado licenciado / PSD) convocou a imprensa para uma coletiva e se posicionou favorável a atitude da polícia afirmando ter sido “correto” o modo de tratar os servidores.
“A manifestação é válida, é legítima, mas não podemos aceitar que as ruas do Palácio, do Tribunal de Justiça, Tribunal de Contas, e Assembleia Legislativa sejam trancadas. A Policia Militar agiu de forma correta, esteve presente naquilo que é dever da polícia, de manter a ordem pública”, pontuou.
Aumento salarial negado
Em relação ao aumento salarial, o secretário deixou claro que não tem condições de conceder neste momento e criticou a postura da presidente, Dainae Renner, por "não saber negociar".
"Eu tenho convicção porque fui eleito deputado e estou na Assembleia, desde 2015. O sindicato não negocia bem, a presidente não negocia bem, a forma de radicalismo dela, só greve, ou seja enquanto outros sindicatos tem avançado em suas pautas e conseguido inclusive em governos anteriores, esse sindicato faz o contrário", afirmou.
O servidores do Detran estão em greve desde o dia 11 de setembro de 2017 em reivindicação a atualização da tabela salarial, assegurada pelos critérios da política do estado.
Ao Circuito Mato Grosso a presidente do sindicato, Daiane Renner, informou que os servidores estão há mais de 9 meses tentanto negociar com o governo. Mas, nenhuma contraproposta ou medida emergencial foi tomada, haja vista que os serviços festão paralisado e a população prejudicada em função do impasse.
“O sindicato iniciou em janeiro as tentativas de discussão com o governo, porque a última tabela foi publicada em 2011. Fizemos várias reuniões com discussões técnicas pra discutir a necessidade. É claro que o governo já tinha que ter convocado o sindicato e apresentado uma contraproposta pra não alongar por tanto tempo esse sofrimento”, reiterou.
Outro lado
A reportagem tentou contato com a presidente do sindicato, Daiane Renner, para comentar a posição do secretário, mas não obtivemos resposta.
Sindspen é contra truculência da PM em ato
Também nesta terça-feira, a diretoria do Sindicatos dos Agentes Penitenciários (Sindspen-MT) divulgou uma nota de repúdio contra a truculência da Polícia Militar na manifestação dos servidores e classificou o governo como “vergonhoso e desiquilibrado” ao conduzir a administração estadual.
“Usar o braço armado do Estado para a prática de violência contra a classe trabalhadora além de ser uma característica da ditadura é uma demonstração de descontrole e desrespeito com o cidadão que busca se manifestar de forma pacífica na luta pelos seus direitos”, diz trecho da nota.
Depois de terem sido soltos, os três servidores, Catherine Suzarte, Israel Lima e Marcos Moreira, relataram aos jornalistas os momentos de “tortura” e “humilhação” por parte dos policiais.
"A gente se sente pior que bicho, pois me jogaram na viatura, onde fiquei algemada, sofri agressões e jogaram gás de pimenta”, afirma Catherine. Marcos Moreira reclama que também ficou detido por quase uma hora e meia diante dos demais servidores da Casa Civil antes de ser levado ao Cisc: “Não houve confronto, mesmo assim me deram uma gravata e ficaram nos expondo à humilhação”.
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