Exame
Para o ministro da justiça Osmar Serraglio, a greve desta sexta-feira (28) foi “pífia”. Para o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), foi “o começo do fim para o senhor Michel Temer”. A verdade, é claro, está em algum lugar entre essas duas frases exageradas.
As paralisações e os protestos desta sexta não devem ser suficientes para abalar as reformas trabalhista e da Previdência como pretendiam as centrais sindicais. Mas o movimento paralisou transportes em cerca de 20 capitais e manteve milhões de pessoas fora de seus locais de trabalho. Muitas cidades passaram a sexta-feira em clima de feriado.
Escolas públicas e privadas fecharam as portas em algumas localidades. E categorias como bancários e funcionários dos Correios cruzaram os braços. Na estimativa da Força Sindical, a greve teria envolvido 40 milhões de pessoas, o que faria dela a maior paralisação da história do país.
Esse número pode ser um tanto inflado, mas a Fecomércio-SP calcula que o comércio em todo país teve prejuízo de 5 bilhões de reais por causa das paralisações.
Para Rafael Cortez, da Tendências Consultoria, os atos desta sexta são um retrato claro do Brasil de hoje, resultado de “um governo com baixa popularidade tentando implantar uma agenda de difícil entendimento pela maioria da população”.
Minimizar o alcance do movimento e sua repercussão é um erro que deveria ser evitado pelo Planalto, afirma Cortez.
Segundo organizadores, mais de 1 milhão de pessoas participaram das manifestações que ocorreram em 254 cidades, aponta um levantamento do portal G1. De acordo com a PM, 97 mil aderiram aos protestos.
No Rio, o protesto terminou com atos de vandalismo orquestrados por mascarados e em confronto com a Polícia Militar.
Em São Paulo, uma manifestação no Largo da Batata, na Zona Oeste da cidade, reuniu 70 mil pessoas segundo os organizadores. Esse protesto também acabou em confronto quando parte dos manifestantes caminhou em direção à casa que Michel Temer tem no bairro Alto de Pinheiros. Um grupo de black blocs depredou imóveis comerciais e atirou pedras e rojões em policiais, que reagiram com jatos d’água e bombas de gás lacrimogênio e de efeito moral.