Jurídico

Governo volta a suspender prazo e Conselho já dura quase um ano

Mais uma vez, o governo do Estado sobrestou o prazo para a conclusão do trabalho do Conselho de Justificação, instaurado contra a tenente do Corpo de Bombeiros, Izadora Ledur, acusada de tortura contra o aluno bombeiro Rodrigo Claro. A medida foi publicada no Diário Oficial do Estado desta terça-feira (8).

Conforme a publicação, o prazo para conclusão dos trabalhos fica suspenso até o dia 31 de maio. No início de março, o governo já havia sobrestado o prazo para o mesmo mês, assim como o fez diversas vezes.

O Conselho de Justificação, que é responsável por apurar a conduta da tenente, é composto por três oficiais da ativa, sendo eles o tenente-coronel Lahel Rodrigues da Silva (presidente), major Mário Henrique Faro Ferreira (interrogante e relator) e o capitão Emerson Henrique dos Anjos Acendino (escrivão). Caso a ação seja considerada irregular ou fora dos padrões militares pelo Conselho, Ledur poderá ser exonerada pelo governador Pedro Taques. 

Com mais essa suspensão, o caso da tenente Ledur já se arrasta há um ano, já que o Conselho de Justificação foi instaurado no dia 31 de maio de 2017. Vale lembrar que a Lei estadual nº 3.993, que trata do conselho, dispõe que o prazo para a conclusão do trabalho é de 30 dias, sendo possível prorrogá-lo por mais 20 dias, em razão de motivos excepcionais. O adiamento acontece em razão das licenças médicas apresentadas pela tenente.

Em fevereiro, a tenente apresentou um novo atestado médico, sendo o nono consecutivo, e conseguiu licença até o dia 14 de março. Já em março, o governador determinou a conclusão dos trabalhos do Conselho, sendo que o resultado deveria ser encaminhado à Justiça Militar, na qual Ledur responde a acusação. 

O caso

A tenente Ledur foi comandante e instrutora do treinamento de salvamento aquático realizado no curso de formação para soldados do Corpo de Bombeiros, que resultou na morte de Rodrigo Claro. Durante uma atividade na Lagoa Trevisan, em Cuiabá, o aluno soldado tinha 21 anos, passou mal e precisou ir às pressas para uma unidade médica. Ele chegou a ficar cinco dias internado em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), mas faleceu devido uma aneurisma. 

Depois de sofrer uma sessão de tortura com caldos e humilhações, Rodrigo teria engolido muita água e vomitou bastante na beira do lago. Ele alegou estar sentindo fortes dores na cabeça e pediu para ser liberado, indo por conta própria até a Policlínica do bairro Verdão, onde recebeu o primeiro atendimento, e ali se notou que a situação do jovem era gravíssima.

O jovem já havia comunicado sua mãe sobre a conduta da oficial com ele. Rodrigo afirmara que ocorreram outros casos e que as sessões de afogamento eram comuns. Outros alunos que estiveram no curso confirmaram a perseguição da tenente com o então aluno.

No dia da aula na Lagoa Trevisan, horas antes chegou a enviar uma mensagem no celular de sua mãe relatando que estava com medo da aula e de Izadora Ledur, que estava pressentindo que algo não acabaria bem naquela tarde. Desde então a família busca por justiça e luta pela condenação da tenente.

O caso aconteceu em 15 de novembro de 2016.

Redação

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