Foto: Mary Juruna
Preocupação e medo. Estas são algumas das palavras que definem o momento vivenciado por funcionários da Unidade III do Ciaps Adauto Botelho, localizada no Centro Político Administrativo. Isto porque a unidade atende a dependentes químicos com histórico criminal e, até a tarde da terça-feira 25, contava com o trabalho de agentes penitenciários que atuavam no local fazendo, inclusive, a segurança dos servidores do Ciaps.
Segundo relatos de profissionais, que por medo de represálias preferiram não se identificar, na tarde de ontem os agentes penitenciários receberam uma documentação da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) alegando que eles estariam ‘dispensados’ das atividades do Ciaps.
“Eles foram intimados a comparecer a partir desta quarta-feira nos presídios da capital, já que, segundo o documento, as unidades prisionais estariam precisando de profissionais e não teriam mais porque eles continuarem aqui no Adauto”, contou à reportagem do Circuito Mato Grosso uma funcionária.
Ainda de acordo com ela, são aproximadamente oito agentes que prestam serviços à unidade, sendo que eles trabalham em duplas e em esquema de plantão. “Estamos realmente preocupados com essa situação, pois aqui somos praticamente 90% de funcionárias mulheres e trabalhamos com dependentes químicos que têm um histórico de crimes de estupro, homicídios, assalto e outros delitos”, relatou a servidora.
Ela ainda completou dizendo que, embora não trabalhem armados, os agentes penitenciários impõem respeito entre os dependentes químicos que recebem tratamento na unidade. “Além do mais, com toda a experiência carcerária, eles conseguem detectar facilmente situações de uma possível rebelião, têm mais sensibilidade para detectar algum movimento estranho, enfim, além da segurança, eles atuam de forma preventiva”.
À beira do abismo – No mês de setembro, o Circuito Mato Grosso já havia relatado que, não bastasse a falta de assistência médica adequada na estrutura de atendimento do Adauto Botelho, um documento expedido pela Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) solicitou a desocupação em caráter de urgência de todos os espaços que a Secretaria de Estado de Saúde (SES) ocupa no Complexo 3 do Ciaps.
No ofício, endereçado ao secretário de Estado de Saúde, Jorge Araújo Lafetá, a Sejudh alega que o motivo de tal solicitação deve-se ao fato da notícia de que os espaços do Complexo 3 estariam ociosos. O documento solicitou principalmente a desocupação do “bloco de ambulatório”.
A medida pode fazer com que os internos tenham o tratamento interrompido, inclusive sem chance de retomá-los tão cedo em uma unidade pública, já que o Hospital Adauto Botelho também está fechado para novas internações.
Outro Lado
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos informou que os agentes prisionais desenvolviam as atividades na unidade III do Ciaps, por meio de um Termo de Apoio firmado entre a Sejudh e a Secretaria de Estado de Saúde (SES). No entanto, o prazo deste termo se encerrou. “Existem já tratativas para uma renovação, mas, por enquanto, ainda não há nada oficializado”, declarou a secretaria, por meio de sua assessoria de imprensa.