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Governo planeja mudar presidente do conselho da Petrobras este mês

O governo federal planeja trocar o presidente do conselho de administração da Petrobras ainda este mês, disseram ao Estadão/Broadcast pessoas a par das discussões. A vaga na presidência do colegiado da estatal ficará disponível porque o atual titular, Pietro Mendes, ligado ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, será indicado para assumir a presidência da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e terá de deixar o posto na empresa para evitar conflitos de interesse. Por ora, o nome mais forte para ascender à cadeira de chairman da maior empresa do País é do economista Bruno Moretti, ligado ao ministro da Casa Civil, Rui Costa.

Questionada pelo Estadão/Broadcast sobre a eventual mudança no conselho de administração, a Petrobras não havia comentado o assunto até a publicação deste texto.

O desenho da troca no comando foi pensado de forma a não alterar a correlação de forças no colegiado, que é formado por 11 membros, dos quais seis são diretamente indicados pelo governo. Segundo uma pessoa que acompanha de perto o processo, o governo vai aguardar a indicação de Mendes à ANP avançar, com sua aprovação no Senado, para então comunicar à estatal sobre a mudança.

O caminho natural, disse uma das pessoas próximas das negociações, é que Pietro renuncie à presidência do conselho antes da reunião marcada para 20 de dezembro, ou mesmo durante este encontro, e, então, o governo comunique ao mercado o novo indicado.

Conforme apurou o Estadão/Broadcast, Moretti larga na frente para substituir Pietro, mas qualquer outro dos conselheiros indicados pelo governo poderia assumir a função em uma companhia “pacificada” após a troca de comando – quando Jean Paul Prates deixou a presidência executiva da empresa para a chegada de Magda Chambriard.

‘Silveirinhas’

Prates e Pietro protagonizaram meses seguidos de conflitos por indicações e diretrizes estratégicas na companhia, que vieram a público por meio de críticas cruzadas entre Prates e Silveira. O grupo de Prates, inclusive, chamava Pietro e os demais indicados de Silveira na companhia de “silveirinhas”.

Uma pessoa a par das tratativas em andamento afirma que a mudança vem em linha com a relação entre os ministros Silveira e Costa e os planos comuns que têm para a companhia. De acordo com essa pessoa, a única indicação que destoaria em alguns pontos dessa visão alinhada seria a de Rafael Dubeaux, conselheiro ligado ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Correlação de forças

A troca de Pietro por Moretti significaria “mudar para manter como está”. Conforme essa pessoa a par das conversas, só a indicação de Dubeaux (à presidência do conselho) poderia significar alguma perda de poder de Silveira na companhia hoje, mas seria improvável. Os demais nomes possíveis – Vitor Saback e Renato Galuppo (Magda Chambriard não poderia acumular as duas presidências) estariam alinhados ao projeto do Ministério de Minas e Energia e da Casa Civil para a Petrobrás.

A saída de Pietro abre, de toda forma, uma vaga no conselho da Petrobras. Nos bastidores, já circula o nome do advogado Benjamin Alves Rabello, próximo de Silveira, e que já foi indicado à função, mas não obteve os votos suficientes. Sua entrada no colegiado agora significaria a manutenção do número de indicados de Silveira. Mas isso ainda não estaria garantido. Todas as indicações e aprovações, inclusive de Magda, deverão ser ratificadas em assembleia de acionistas marcada para 16 de abril.

Em setembro, reportagem do Estadão mostrou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva patrocinou trocas na cúpula da Petrobras após Magda Chambriard assumir a presidência da estatal, aumentando assim a influência dos ministros Silveira e Costa na empresa.

As nomeações ocorridas nos 100 primeiros dias de gestão Magda incluem pessoas de confiança dos ministros para tocar projetos estratégicos da companhia nas áreas de exploração, engenharia e transição energética. Esse “condomínio” de nomeações em cargos estratégicos que se formou na petroleira conta também com a participação da Federação Única dos Petroleiros (FUP), entidade sindical associada à CUT.

Nos 100 primeiros dias da gestão atual, foram mais de 30 nomes indicados, tendo aliados do governo ampliado a presença na estatal.

Estadão Conteudo

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