Sobre os atrasos no cronograma, os sucessivos erros grosseiros nas obras e superfaturamento de até 250% em Cuiabá, Valcke saiu pela tangente declarando apenas que a Fifa não se envolve nessas questões e que está focada nos resultados e no sucesso do evento. Porém, soltou uma frase de conformismo: "Não teremos um copo vazio, mas um copo relativamente cheio".
Durante coletiva de imprensa, Jérôme Valcke ouviu do Circuito Mato Grosso um relato dos erros cometidos na execução das obras, como as pilastras com desnível de 40 cm no viaduto da UFMT e que servirá ao VLT e o corte sem planejamento na encosta do viaduto do Despraiado que colocou várias famílias em risco de deslizarem morro abaixo. Além do que, das seis obras que compõem a Matriz de Responsabilidade firmada com a Fifa, todas estão em atraso.
Após essa breve explanação, o secretário foi questionado se ‘endossava’ a célebre frase: “Temos de colocar em questão se fizemos a decisão errada na escolha do país-sede [Brasil]", dita por Joseph Blatter em entrevista realizada na Áustria, logo após a Copa das Confederações. Elegantemente, o secretário disse que desconhecia a frase do mandatário da Fifa e amenizou a ineficácia da Secopa dizendo: “O que teremos será suficiente. Não vamos receber um copo vazio. Vamos receber um copo que contém líquido suficiente”.
Essa pergunta causou certo incômodo no governador Silval Barbosa (PMDB) que externou seu nervosismo com sorrisos irônicos e meneio de cabeça em sinal de reprovação, ato acompanhado pelo deputado estadual J. Barreto (PR), integrante do Comitê de Fiscalização da Copa 2014 da Assembleia Legislativa de Mato Grosso.
Em sua fala, Silval Barbosa quis deixar claro que Mato Grosso é um Estado em franco desenvolvimento, que as obras estão fluindo e que não há problemas que possam comprometer a Copa 2014 em Cuiabá. No entanto, praticamente todas as obras estão atrasadas, ao contrário do que disse o governador.
A coletiva ocorreu após uma reunião a portas fechadas entre o representante da Fifa, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, e os ex-jogadores de futebol e membros do Comitê Organizador Local (COL) Ronaldo e Bebeto. Durante o pouco tempo que permaneceram em solo mato-grossense, os visitantes não esconderam um mal-estar generalizado. Restringiram-se apenas à entrevista para a imprensa e a um contato rápido com os operários da obra.
O Circuito Mato Grosso também conversou com o ministro Aldo Rebelo (PCB) acerca do andamento das obras em Cuiabá. Perguntado se é informado sobre os atrasos, inconsistências e falhas cometidas no decorrer da execução, o ministro confirmou o recebimento de relatórios em que consta, apenas, a cronologia das obras. “Os relatórios que enviam são sobre as obras que estão em atraso e as que estão cumprindo o cronograma”.