A reprovação ao governo Lula no mercado financeiro acelerou e chegou a 90% depois do lançamento do pacote de corte de gastos, na semana passada, considerado insuficiente para o controle das contas públicas. Da mesma forma, piorou a avaliação sobre o trabalho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad: para 61%, Haddad perdeu força desde o início do mandato.
Os dados fazem parte de pesquisa divulgada ontem pela plataforma de investimentos Genial e pela empresa de inteligência de dados Quaest. Foram feitas 105 entrevistas com gestores, economistas, analistas e operadores (traders) de fundos de investimento sediados em São Paulo e no Rio de Janeiro, entre o último dia 29 e a terça-feira desta semana – capturando, portanto, a reação negativa do mercado financeiro ao pacote.
O governo tenta agora acertar a votação das medidas no Congresso, mas enfrenta resistências da oposição e também cobranças para a liberação de emendas parlamentares.
Pela pesquisa da Genial/Quaest, a reprovação ao presidente Lula subiu de 64% para 90% desde o levantamento anterior, feito em março. Voltou, assim, ao patamar do início do mandato, quando nove a cada dez profissionais de fundos de investimento também tinham uma avaliação negativa do governo. A avaliação regular do governo também caiu em relação à pesquisa de março, de 30% para 7%, enquanto a aprovação (avaliação positiva) cedeu de 6% para 3%.
Também houve uma piora na avaliação do mercado sobre o desempenho, até aqui, do Congresso, cuja reprovação subiu para 41%, ante 17% de novembro do ano passado, quando a questão havia entrado na pesquisa pela última vez.
Haddad
Já a avaliação positiva do mercado em relação ao trabalho de Haddad caiu para 41%, ante 50% no levantamento de março. Para 61%, o ministro da Fazenda perdeu força desde o início do mandato, sendo que em março apenas 14% tinham essa impressão.
A avaliação de 58% dos entrevistados é de que o arcabouço fiscal, que estabelece metas de redução do déficit nas contas públicas e limites para os gastos, perdeu toda a credibilidade. A parcela restante (42%) entende que restou pouca credibilidade à regra.
Em evento em Brasília, sem ser questionado diretamente sobre a pesquisa, Haddad rebateu as críticas ao pacote fiscal. “Eu entendo (o mercado), já estive do outro lado do balcão, já fui consultor econômico, mas você tem de olhar para as medidas que estão sendo tomadas. Então, eu não concordo com a avaliação que está sendo feita das medidas que nós anunciamos”, disse. “Mandamos o que está, na minha opinião, digerido pelo próprio governo e muito bem compreendido pelas lideranças com as quais eu conversei.”
Já Roberto Campos Neto é o mais bem avaliado: 70% confiam muito no atual presidente do Banco Central, cujo mandato termina neste mês. Em relação ao diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, que assume o comando do BC em janeiro, pouco mais da metade (55%) disse confiar pouco ou nada.