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Por: Estadão
Assessores próximos de Michel Temer acusam o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de “irresponsabilidade jurídica e intelectual” ao afirmar que o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), preso ontem, é o “verdadeiro longa manus” do presidente. A estratégia do Palácio do Planalto, agora, será enfrentar o Ministério Público Federal e o relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin.
Enquanto traça o plano de resistência às acusações, o governo tenta transmitir a sensação de normalidade. Ontem, o advogado do presidente, Antônio Claudio Mariz de Oliveira, após se reunir por duas horas com seu cliente em São Paulo, disse que a prisão de Loures “não altera em nada” a defesa em caso de uma eventual denúncia a ser apresentada pela Procuradoria-Geral da República. “Nem falamos sobre Rocha Loures”, afirmou ao Estado. Em 12 horas, Temer foi e voltou de São Paulo a Brasília duas vezes.
Aliados de Temer minimizaram a prisão de Loures e disseram que ela já era esperada. “É um erro judicializar a política e politizar o judicial. Cada um na sua esfera”, disse o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco.
Auxiliares de Temer, por outro lado, pretendem usar, para embasar as críticas a Janot, uma degravação feita pelo Planalto da conversa entre o presidente e o empresário Joesley Batista, dono da JBS.
Segundo eles, a PGR escondeu um trecho da conversa na qual Temer faz a seguinte afirmação a Joesley: “Pode passar pro e-mail dele (Loures); é da minha mais estreita confiança”. Nas versões da conversa que têm sido divulgadas até agora, a palavra “e-mail” aparece como “inaudível”.
Na avaliação do Planalto, Temer não pediria para Joesley enviar um e-mail a Loures para tratar de assuntos impróprios.
‘Longa manus’. Ao reapresentar no STF o pedido de prisão preventiva de Loures, Janot o classificou como “homem de total confiança, verdadeiro longa manus do presidente da República, Michel Miguel Elias Temer Lulia”. A expressão em latim usada na petição significa “executor de tarefas”.
Questionado ontem sobre a argumentação de Janot, Mariz de Oliveira mostrou-se indignado com a afirmação.
“Dizer que o senhor Rocha Loures é longa manus do presidente constitui mais uma assertiva do procurador-geral desprovida de qualquer apoio nos fatos e, portanto, é uma afirmação fruto do seu desejo de pura e simplesmente acusar o presidente da República dentro de um quadro meramente ficcional”, afirmou o advogado e amigo do presidente.
Processo. No encontro com Temer, Mariz disse que conversou sobre a “situação processual”, a ação que pode cassar seu mandato no Tribunal Superior Eleitoral, as reformas estruturais e a situação política do País. Sobre uma eventual denúncia contra o presidente a ser oferecida pela PGR, Mariz de Oliveira afirmou que “é uma possibilidade que existe”.
O advogado, porém, disse acreditar que Janot deve aguardar a liberação do laudo pericial que a Polícia Federal está fazendo na gravação que Joesley fez de uma conversa com Temer, no dia 7 de março deste ano, no Palácio do Jaburu, antes de tomar qualquer decisão.
“Eu requeri este laudo, o Ministério Público concordou e o ministro Edson Fachin deferiu o pedido. Portanto, todas as partes do processo e o juiz devem achar a gravação precária”, afirmou Mariz de Oliveira.
Na visão do advogado, se a PGR oferecer denúncia antes da liberação do laudo corre o risco de apresentar um pedido “capenga”.