Segundo o governo, nos últimos três anos, cerca de 20 mil imigrantes já passaram pela cidade acreana. Apenas em março, ao menos 2,5 mil tiveram que aguardar para seguir viagem devido à cheia do Rio Madeira, que o bloqueou o tráfego na BR-364.
De acordo com a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, estão em Brasiléia, até terça-feira (8), ao menos 900 imigrantes. "Desde que começamos a levar os imigrantes para Porto Velho, através dos voos fretados, mais 950 imigrantes saíram do estado no período de 1 a 7 de abril", diz secretário Nilson Mourão.
Mourão acrescenta que os imigrantes que chegarem até o município de Assis Brasil com destino a Brasiléia, serão orientados na alfândega a irem direto para Rio Branco, onde estará localizado o novo abrigo, no Parque de Exposições Marechal Castelo Branco. "O abrigo de Brasiléia ficará desativado definitivamente. Nós entendemos que a população de Brasiléia e de Epitaciolândia já deram a sua parcela de solidariedade aos imigrantes. Agora é a vez dos moradores de Rio Branco contribuírem", fala.
O secretário explica que o processo de desativação do abrigo em Brasiléia já foi iniciado. "Temos um projeto para desativar o abrigo de Brasiléia. Já iniciamos desativando a partir desta terça-feira [8] alguns serviços como, por exemplo, a emissão de documentos", diz.
Em relação a data prevista para a tranferência total dos imigrantes para Rio Branco o secretário da Sejudh diz que é preciso ter paciência.
"Como nós estamos lidando com pessoas, que têm seus problemas, algumas mulheres estão grávidas, têm crianças, e idosos, precisamos ver como será feita essa transferência com calma. Eles já sofreram muito, vêm de uma situação complicada", lembra.
Mourão diz que durante toda essa semana os imigrantes que já têm documentos estão sendo trazidos para a capital. "A expectativa é que partir de sábado, os demais sejam transferidos em grupos para Rio Branco. Nossas pretensão é tentar levar para Rondônia pelos voos fretados mais 700 imigrantes e os demais já virem direto para a capital", explica.
De acordo com o secretário de estado de Desenvolvimento Social (SEDS), Antônio Torres, o governo é grato pelo acolhimento dos imigrantes durante estes quatro anos. "Hoje compreendemos que o município não suporta mais, chegou ao limite máximo. Nossa intenção é fazer com que essa força-tarefa, de fretar os aviões, faça com que quase todos possam sair do estado. Em Rio Branco, acreditamos que a saída deles será facilitada", destaca.
Novo abrigo
O abrigo será montado no Parque de Exposições Marechal Castelo Branco, em Rio Branco. O espaço geralmente é usado para festas e também para o abrigo de desabrigados durante a cheia do Rio Acre. O novo abrigo será coordenado pelo secretário da SEDS, Antônio Torres, que acredita que a aglomeração de imigrantes em Brasiléia se deu devido à cheia do Rio Madeira que interditou a BR-364, impossibilitando a saída deles.
"Em Brasiléia, por ser uma cidade muito pequena, eles ficam andando pela cidade. Já em Rio Branco, eles conseguem ter mais agilidade, poderão seguir viagem, porque eles não querem ficar no Acre, o estado é só uma passagem", enfatiza.
De acordo com Torres, o objetivo é que o governo federal regularize a rota e esses imigrantes consigam chegar diretamente aos grandes centros do país. "Com essa operação, poderemos mandar cerca de 90% do quantitativo que está no Acre. O governo federal está trabalhando para facilitar a entrada via legal para os locais onde eles querem ir, ou seja, os grandes centros", diz.
O objetivo também é fazer com que a rota por Brasiléia seja desativada. "O diálogo com o Peru já está fortalecido e o objetivo é que essa rota seja desativada gradativamente, porque não pode ser imediato", garante.
Saída por voos fretados
Impedidos de sair do Acre por via terrestre, com a BR-364 bloqueada, em função da cheia do Rio Madeira, imigrantes haitianos começaram a deixar o estado em aviões fretados pelo governo desde o primeiro dia de abril. As aeronaves que chegam ao aeroporto de Rio Branco carregadas de mantimentos e estão sendo utilizadas para levá-los até a cidade de Porto Velho (RO). A expectativa é que 120 haitianos sejam levados em voos diariamente. Até agora, segundo a o secretário Nilson Mourão, mais de 950 imigrantes saíram do estado, entre 1 a 7 de abril.
Abaixo-assinado
Na semana passada, um morador de Brasiléia (AC) começou a colher assinaturas para motar um abaixo-assinado e cobrar soluções para a entrada de imigrantes no Acre. O estudante de administração Dimas Gurgel, de 27 anos, conseguiu colher 1,3 mil assinaturas em 48h e o objetivo era viajar para Epitaciolândia(AC) e divulgar a ação. Gurgel cobrou soluções e chegou a dizer que a situação se tratava de uma 'bomba-relógio'.
G1
