Política

Governo de Mato Grosso estuda cobrar impostos de usinas e PCHs

Thales de Paiva – Da Redação

O Governo de Mato Grosso está analisando a possibilidade de implantar a cobrança de imposto para usinas e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). Recentemente, o deputado estadual Dilmar Dal Bosco apresentou ao governador Pedro Taques duas propostas relacionadas ao Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). 

Um desses projetos trata da cobrança do ICMS nas usinas e PCHs, que até então estão isentas do imposto.  Atualmente, apenas os Estados que compram a energia são beneficiados com o recolhimento. De acordo com o projeto, com a aprovação da cobrança seria gerada uma receita de aproximadamente R$ 200 milhões por ano. 

Arrecadação que pode refletir positivamente no bolso dos consumidores. Pela proposta, além de investimentos em outras fontes de energia, parte desse montante seria utilizada para diminuir o valor da conta de luz dos mato-grossenses. O projeto foi aprovado, seguiu para redação final e posteriormente será encaminhado para o governo, que decide se sanciona ou não as mudanças.  

“Minha sugestão é diminuir a alíquota do ICMS cobrada na conta de energia. Se a lei for aprovada e o Governo for por esse encaminhamento, essa arrecadação pode incidir na diminuição da conta de energia de todos os usuários do Estado”, afirma o deputado. 

No final da década de 1990, grande parte da energia consumida em Mato Grosso tinha de ser importada. Alguns anos mais tarde, com a construção de várias centrais geradoras, o Estado passou a exportar o excedente. Cabe ressaltar que, ao comercializar a energia, apenas os estados compradores ganham com o recolhimento de tributos.  

“Todos os projetos [de implantação das usinas e PCHs] são executados aqui, mas depois a energia é vendida pelo Sistema Integrado Nacional, sendo que Mato Grosso não recolhe esses impostos. Ou seja, o Estado não ganha nada com isso. O que estamos pedindo é uma compensação por esse imposto que não é recolhido aqui, e, sim, no Estado consumidor”, enfatiza Dal Bosco.

Além do não recolhimento de tributos, o deputado autor da proposta afirma que existem outras irregularidades no segmento. Informações que vieram à tona após abertura de CPI. “Em 2012, quando foi concluída a CPI, foi constou-se que os municípios não tinham lucro com a geração de energia e só ficavam com os danos ambientais. E não foi só isso. Na época, um relatório foi encaminhado ao Ministério Público, apontando diversas irregularidades”, lembra o deputado. 

Pela proposta, o tributo seria cobrado por meio do Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab). Atualmente, a cobrança de impostos representa quase 40% do valor da conta de energia no Estado, que tem uma das maiores tarifas do País, segundo dados da Fiemt. Um negócio lucrativo, mas que traz poucos benefícios à região onde está implantado.  

Os empreendedores geram muitos empregos na fase inicial, de construção das usinas e PCHs, gerando impostos municipais e movimentando a economia local. Depois de concluídas as obras, ficam somente os profissionais de manutenção, que geralmente vêm de outros estados.

Impacto ambiental

Mesmo com os enormes impactos ambientais causados pelo setor, o retorno e a compensação para as comunidades envolvidas são muito tímidos. Uma das regiões mais afetadas está no entorno do Rio Jauru. Ao longo de seu leito estão instaladas cinco PCHs e uma usina. As águas, que já foram repletas de peixes, hoje estão com os estoques pesqueiros comprometidos. 

É o que afirmam os pescadores de toda a baixada do Rio Jauru. Diretor regional da Colônia de Pescadores Z2 do município de Porto Espiridião, Agnaldo Batista de Freitas confirma que a situação de quem depende da pesca está insustentável, nas mais de dez cidades que integram a associação.     

“Este ano está sendo muito complicado porque realmente não teve peixe. Sobreviver da pesca ficou praticamente impossível. Pra não deixar a família passar fome, tem muito pescador indo trabalhar como servente de pedreiro ou em outra atividade qualquer”, conta.  

Além do impacto causado por fatores como a poluição, o despejo de esgoto, a falta de mata ciliar, entre outros, o nível da água sofre grandes variações devido às barragens. Mudanças que dificultam a navegação pelo rio e prejudicam a reprodução dos peixes, que não conseguem subir o leito para desovar.   

Cenário muito diferente do que era vivenciado pelos pescadores em um passado bem próximo. Eles garantem que a região, localizada na cabeceira do Pantanal, costumava ser muito boa de peixe. “A gente sabe que não são só as hidrelétricas o problema, porque os fazendeiros desmatam tudo na beira do rio e também tem esgoto e muita poluição que vai parar na água. A questão é que os peixes sumiram. Muita gente que está esperando a coisa melhorar pode ter que abandonar a profissão de vez”, lamenta Freitas.  

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Política

Lista de 164 entidades impedidas de assinar convênios com o governo

Incluídas no Cadastro de Entidades Privadas sem Fins Lucrativos Impedidas (Cepim), elas estão proibidas de assinar novos convênios ou termos
Política

PSDB gasta R$ 250 mil em sistema para votação

O esquema –com dados criptografados, senhas de segurança e núcleos de apoio técnico com 12 agentes espalhados pelas quatro regiões