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‘Gosto de quebrar tabus’, diz barber girl sobre preconceito

A Barber Girl Vivian diz que é preciso ter coragem para entrar na área (Foto: Marina Ortiz/ G1)

Apesar de muitos acreditarem que ser barbeiro é "coisa de homem", Vivian Doni, de 33 anos, garante que há espaço para as mulheres neste mercado. No entanto, a "Barber girl" de Campinas (SP) afirma que é preciso ter coragem de enfrentar o machismo para conseguir conquistar o seu lugar.

"No início, eu aguentei cara feia, mas gosto de quebrar tabus. Aguentei comentários de que com uma mulher não ia dar certo, nariz torcido, mas eu fiquei firme e forte. Até os clientes olhavam com um olhar diferente", afirma Vivian, que entrou neste mercado há três anos.

Antes de virar barbeira, ou barber girl, como ela prefere, Vivian era cabeleireira em um salão unissex. A ideia de mudar de área surgiu após uma conversa com um amigo, que disse que as barbearias estavam virando tendência. Depois disso, a jovem começou a se especializar em barba.

"Eu aprendi indo nas barbearias. Na prática, eu aprendi toda a técnica, até a da bexiga para não estourar, e pegar leve na navalha", lembra a barber girl.

Após a especialização, a jovem começou a procurar oportunidades na área. No entanto, segundo ela, todas procuravam homens. Mesmo assim, Vivian conta que resolveu arriscar.

"Um dia eu vi uma vaga para barbeiro e resolvi arriscar, mandei email e a proprietária me chamou para um teste", conta.
6 homens e uma mulher 

Após o teste, ela foi aprovada e começou a trabalhar numa barbearia no Cambuí, bairro nobre de Campinas. No estabelecimento, Vivian divide o ambiente com outros seis barbeiros.

O colega Joabel de Souza Pereira, que está na área há dez anos, relata que a barber girl é a primeira mulher com quem trabalha.

"Tinha uma expectativa de todos para saber se ela era boa mesmo. No começo, até achei um disputa desleal ter uma mulher aqui. Mas, ela faz um ótimo trabalho, conquistou os clientes rápido. Ela é detalhista", explica Pereira.

Sobre a participação das mulheres nessa área, o barbeiro afirma que há espaço para todos. "A barbearia é tradicional e moderna, então todos os profissionais devem ter oportunidades iguais. A presença das mulheres só vem a agregar e atrair mais clientes", ressalta.

Machismo na navalha
No entanto, Vivian explica que grande parte do preconceito que já sofreu não veio dos clientes, mas sim de alguns colegas. "Antes, eles achavam que só eles sabiam fazer, mas eles já viram que eu sei fazer. Mas, teve uma vez que um cliente achou que eu era auxiliar, assistente. Aí, no final ele acabou gostando, foi surpreendido”, lembra.

Mesmo quando o cliente "não bota fé" em seu trabalho, Vivian não desanima e conta que acha até bom o desafio.

"O que eu mais gosto é quando o cara não bota fé. Eu gosto de provar para os que não acreditam em mim. De início, os homens querem fazer a barba comigo por curiosidade, mas depois comentam da mão mais leve, que sou detalhista, não deixo nenhum pelo fora do lugar, então para mim é muito positivo”, desabafa.

"Não larguei mais"
Entre os clientes de Vivian, está o bancário Eduardo Silva. Ele contou ao G1 que estranhou a primeira vez que foi atendido por uma mulher em uma barbearia, mas que gostou do serviço. "Eu estranhei quando eu a vi aqui pela primeira vez, tanto que fui nos outros. Mas, depois que eu fui nela, não larguei mais", brinca Silva.

O empresário Fernando Pontes Rodrigues também é cliente fiel de Vivian. Ele confirma a delicadeza e o cuidado da barber girl. "Agora sempre que eu venho, eu peço para fazer com ela. A Vivian presta muito atenção nos detalhes e o atendimento é diferenciado", afirma Rodrigues.

Segundo o colega Lucas Teixeira, a concorrência com a jovem não é fácil. "Tem gente que prefere fazer com ela, que antes fazia só com os homens. Eles preferem uma mulher alisando a cara do que a gente. Isso aí com certeza”, brinca o barbeiro.

Profissão Barber Girl
Vivian conta que quando diz sua profissão para as pessoas sempre "rola" um certo estranhamento. "Quando falo a minha profissão a reação das pessoas é um pouco esquisita, mas depois eles acham legal. O pessoal gosta muito e quebra um monte de tabus, porque barbearia é um espaço masculino e meio preconceituoso, mas aqui eu me sinto à vontade, mesmo no meio de muitos homens. Eu me sinto única e torço para que mais meninas queiram entrar nessa área", finaliza.

Novos tempos
Segundo a proprietária da barbearia onde Vivian trabalha, Aretha Madeira, a contratação da jovem gerou no início muita dúvida, mas tem se revertido em cada vez mais clientes.

"Os tempos mudaram, temos que abrir vaga para as mulheres. A Vivian tem bastante clientes e queremos a participação de outras mulheres", conclui Aretha.

Fonte: G1

Redação

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