Sergio Moro é pauta do dia novamente, ainda que esteja nos Estados Unidos. Isso porque a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados convidou o jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept Brasil, para uma audiência às 15h desta terça-feira, 25. Os parlamentares querem discutir uma série de reportagens que o jornalista está publicando desde o dia 9 de junho sobre conversas do ministro da Justiça e Segurança Pública com o Ministério Público, enquanto ele atuava ainda como juiz da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.
Greenwald foi convidado pelos deputados Camilo Capiberibe (PSB-AP), Carlos Veras (PT-PE), Márcio Jerry (PC do B-MA) e Túlio Gadelha (PDT-PE). No requerimento apresentado à Casa, afirmam que “os direitos dos cidadãos objeto da Operação Lava-Jato, particularmente do cidadão Luiz Inácio Lula da Silva, foram violados sistematicamente” e que as reportagens publicadas por Greenwald “jogam dúvidas contundentes sobre a imparcialidade na atuação do Juiz Sergio Moro”.
Na audiência, o jornalista poderá explicar a publicação das mensagens, detalhar como recebeu os arquivos e justificar a estratégia adotada de divulgação. O último artigo sobre o caso foi publicado no domingo, 23, em parceria com o jornal Folha de S. Paulo. No texto, aparece uma troca de mensagens entre Moro e Deltan Dallagnol, procurador da Lava-Jato, em que os dois discutem formas de o juiz não se indispor com o Supremo Tribunal Federal.
Após a publicação, Moro foi ao Twitter e publicou uma frase em latim, do poeta romano Horácio: parturiunt montes, nascetur ridiculus mus (a montanha pariu um ridículo rato). Na visão do ministro, o conteúdo divulgado, apesar das altas expectativas criadas pelo jornalista, era de pequena importância.
Greenwald tem sido criticado pelo método adotado de não divulgar todo o material das conversas de Moro de uma única vez. “É natural que o público queira ver tudo o mais rápido possível”, escreveu no Twitter. Para o jornalista, o jeito mais responsável e informativo de divulgar o arquivo é através de um processo jornalístico rigoroso em parceria com outros veículos. “Pode levar mais tempo, mas o impacto e o valor serão maiores”, afirmou.
Sergio Moro também tinha visita agendada à Câmara para a quarta-feira, mas adiou por causa de uma viagem aos Estados Unidos, onde visita órgãos de segurança e inteligência. Na semana passada, Moro foi espontaneamente à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, onde respondeu a perguntas por quase nove horas. Ele contestou a autenticidade dos arquivos divulgados pelo Intercept, mas disse que deixaria o governo se alguma irregularidade fosse comprovada. “Não tenho apego ao cargo”, afirmou.
A CCJ do Senado também aprovou na semana passada, um convite para que Dallagnol compareça à Casa para explicar aos senadores a troca de mensagens com Moro, mas ainda não há uma data definida para a visita.
Nesse ínterim, o The Intercept Brasil continua, em seu regime de conta-gotas, a publicar o material.