Política

Gilmar Mendes diz que Procuradoria ficou ‘a reboque das loucuras’ de Janot

 O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes disse que a mudança na cúpula da PGR (Procuradoria-Geral da República) pode trazer "decência e normalidade" à instituição, que, segundo ele, ficou "a reboque das loucuras" do procurador-geral, Rodrigo Janot.
O procurador-geral deixa o cargo em 17 de setembro.

Nesta terça (1º ), ao chegar à sessão da Segunda Turma do STF, Gilmar afirmou a jornalistas que o direito penal brasileiro "foi todo reescrito e agora precisa ser arrumado".

Questionado se a mudança no comando da PGR, com a entrada de Raquel Dodge no lugar de Janot pode "dar outro exemplo de Ministério Público", respondeu: "É preciso voltar um mínimo de decência, de sobriedade e normalidade à Procuradoria da República".

Segundo ele, cabe ao Supremo "arrumar tudo", uma vez que o tribunal "foi muito concessivo e contribuiu para essa bagunça completa".

"As delações todas, as homologações sem discussão, o referendo de cláusula [dos acordos]. Uma bagunça completa. E ficou a reboque das loucuras do procurador", disse.

"Certamente o tribunal vai ter que se reposicionar [no segundo semestre] para voltar a um quadro de normalidade e decência."

Ele voltou a criticar o novo pedido de prisão do senador Aécio Neves (PSDB-MG) feito pela PGR. Mais cedo, Gilmar já havia alfinetado Janot ao dizer que "os atores jurídicos políticos devem ler a Constituição".

"Não estou falando sobre situação nenhuma. Você tem que ler a Constituição e saber que prisão de parlamentar só ocorre em flagrante delito", afirmou.

Aécio pediu dinheiro ao empresário Joesley Batista e foi gravado secretamente por ele. Com autorização do ministro Edson Fachin, a Polícia Federal acompanhou a entrega do dinheiro a pessoas próximas ao parlamentar. De acordo com a PGR, Aécio não poderia ser preso durante a ação porque estragaria o plano.

"Aí então ele pode cumprir [o pedido de prisão] daqui a dois, três anos?", ironizou Gilmar ao ouvir o argumento do procurador-geral.

"A 'doutrina Janot' é muito interessante", completou.

Indagado se é o caso de o STF rever as regras para ação controlada sobre políticos, respondeu que as regras do direito não estão sendo respeitadas.

"Tem tanta coisa para ser questionada, é tanta bagunça. Até brinquei que a 'doutrina de Curitiba' e a 'doutrina Janot' nada têm a ver com o direito. É uma loucura completa que se estabeleceu."

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Política

Lista de 164 entidades impedidas de assinar convênios com o governo

Incluídas no Cadastro de Entidades Privadas sem Fins Lucrativos Impedidas (Cepim), elas estão proibidas de assinar novos convênios ou termos
Política

PSDB gasta R$ 250 mil em sistema para votação

O esquema –com dados criptografados, senhas de segurança e núcleos de apoio técnico com 12 agentes espalhados pelas quatro regiões