O Conar informou que foi aberto nesta terça-feira (19) um processo para avaliar as denúncias contra a propaganda veiculada pela Gillette nas redes sociais. O órgão informou ter recebido nos últimos dias 15 reclamações – 14 de homens e 1 de mulher, que consideraram a propaganda preconceituosa.
Nas mensagens encaminhadas ao Conar, os consumidores classificam a propaganda como “preconceito contra os peludos” e afirmam que o filme “tacha” o grupo de homens com pelos no peito como “nojentos”. Em uma das reclamações, o consumidor lembra que numa propaganda anterior a empresa já havia se referido aos homens peludos como “homem das cavernas”.
Nesta terça-feira, a propaganda não estava mais disponível no canal da Gillette no YouTube e na página da marca no Facebook.
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Procurada pelo site G1, a Gillette informou ainda não foi notificada pelo Conar sobre a abertura do processo.
Em nota, a empresa afirma que o vídeo foi retirado do ar uma vez que tinha o propósito de anunciar a vinda de Psy para o carnaval e que "nas próximas semanas, novas etapas da campanha estarão no ar".
"O vídeo vinculado nas redes sociais com o cantor Psy, a apresentadora Sabrina Sato e as atletas Bia e Branca Feres foi uma iniciativa da Gillette para anunciar a vinda do astro sul-coreano para o Brasil, como primeira grande etapa da nova campanha da marca, que visa fomentar o “body shaving” (depilação corporal masculina)", afirma a empresa.
A campanha
No comercial criado para o carnaval, Sabrina e as gêmeas do nado sincronizado usam a expressão “quero ver raspar” para compor uma versão diferente do refrão de “Gangnam Style”. No filme, as musas resolvem desafiar os homens para ver quem tem coragem de raspar o peito para agradar as mulheres. Elas então ligam para o ‘amigo’ Psy e pedem a ajuda do coreano na empreitada que as meninas batizam de “Quero ver raspar”.
Segundo o Conar, o processo contra a campanha deverá ser julgado em até 30 dias. Caberá ao conselho de ética da entidade elaborar seu parecer sobre as críticas. Caso entenda que a campanha fere, de fato, o código do setor, o Conar pode recomendar a suspensão definitiva do comercial e fazer uma advertência ao anunciante. A esse tipo de decisão, cabe recurso. Caso o conselho avalie que as queixas não se justificam, o processo será arquivado
Repercussão nas redes sociais
A campanha “#Quero ver raspar” foi promovida durante o carnaval também na fanpage da Gillette no Facebook. “Já raspou? Não? Então você ainda não está pronto para se dar bem no carnaval”, dizia uma mensagem publicada pela marca ao lado de uma imagem de peito masculino depilado e repleto de marcas de beijos.
Críticas à campanha foram publicadas na própria página da Gillette no Facebook. “A maior palhaçada que eu já vi na minha vida! Em pleno século XXI, me aparece uma marca tentando impor um padrão estético”, escreveu o internauta Italo Bacci. “Ô Gillette, eu gosto de homem PE-LU-DO!”, protestou a consumidora Cristiane Souza.
Mas teve também que curtiu. "Que legal! Já imaginaram as mulheres peludas? Direitos iguais? Por que o homem não pode depilar? Acho que todos já assistiram filmes das décadas de 70-80-90. Viram cenas de nudez? A mulher tinha mais pelos pubianos que o necessário. Hoje 99,9% usam a depilação em todo o corpo", escreveu J Icassati Icassati.
Em respostas às críticas, a Gillette postou mensagens em sua fanpage afirmando que a campanha “baseia-se em um vídeo engraçado e irreverente focando na preferência das mulheres por homens lisinhos, sempre respeitando nossos consumidores”.
FONTE: PrimeiraHora | G1