Tenho medo das próximas gerações. Estamos caminhando a passos largos para total e completa era da Escuridão. Ninguém lê. Ninguém quer trabalhar. Ninguém se preocupa com nada. Se achamos que essa geração de 20 anos, a famosa geração Nem Nem ( nem estuda, nem trabalha) difícil, imagina as próximas. Analiso isso a partir de meu filho. Não dele propriamente, mas do que ele consome. Os desenhos preferidos dele, nenhum é bem certinho. Steven Universo tem um pai fracassado que mora num trailer e até hoje sonha com a fama. Toma porres homéricos. Mordecai e o outro peludinho do Apenas um Show representam dois adolescentes completamente alienados, que não dão valor a nada, que só tiram onda e gritam ÃÃÃÃ. Os Ursos só aprontam com todos. Cartinhas Pokemon é uma febre! Titio Avô é um tributo à homossexualidade, acho um exagero ele ter lustres de homens nus, bandeira de arco íris por todos os lados, Steve Pizza e o Dinossauro doidão para um menino de 7 anos.
– Pára João! Larga mão de ser careta! Quer mais gay que He-man e seu Gato Guerreiro! – dispara Flor.
– He- man era gay? – pergunto aturdido.
– Claro! Aquela tanguinha rosa e aquele grito nunca me engaram.
Realmente ninguém é melhor do que ninguém. O que achamos que é bom nunca é bom pra todos. Muita coisa mudou de 30 anos pra cá. Antigamente o nosso cinto de segurança era o braço da mãe naquela Variant amarela ou no Fusca Branco. Telefone era posse, coisa de rico. Se vendesse uns 3 dava até pra fazer intercâmbio na Inglaterra. Brincávamos com soldadinhos, reflexo da Guerra Fria, bebíamos suco feito em casa, comer fora era o dia que tinha churrasco no quintal. Hoje em dia não tem Tartaruga Touché, não tem Formiga Atômica, não tem Caverna do Dragão. Hoje não se pode brincar na rua.
– Sempre metido a gostoso. Sua geração é tão boa que vai ser a primeira a reduzir o tempo de vida. Irá regredir em vez de aumentar.
Parece que Flor tem mais uma vez razão. Mas nem ligo. Ascendo um cigarro e dou uma longa tragada. Foda-se. Pelo menos ainda não regredimos a cabeça.
