Recuperado
o pergaminho dos tempos,
restauradas
outras camadas
muito mais antigas
por detrás dos mitos,
a origem das origens.
Tempo em que bicho era gente
e gente era bicho
e se refletiam nos espelhos
das águas do perspectivismo.
Somente os xamãs
que sabem voar
nas asas dos ventos,
falar a língua das onças
e dos mortos
podem traduzir
seus sentidos.
E recolocar
através dos ritos,
a pretérita humanidade
dos bichos,
a animalidade dos homens
gente-bicho-gente-bicho
na circularidade dos tempos
na reflexão sobre a vida.
Outro olhar
sobre o outro
sem as lâminas
da barbárie.
Edir Pina de Barros é membro da Academia Brasileira de Sonetistas e da Academia Virtual de Poetas de Língua Portuguesa. Seus poemas estão disponíveis em vários livros, antologias, revistas eletrônicas e nas mídias sociais. É doutora e pós-doutora em Antropologia pela USP, professora aposentada (UFMT). Nasceu no Mato Grosso do Sul e hoje reside em Brasília.