A estudante Alessandra Xavier Matias tinha sofrido uma lesão no joelho na última sexta-feira e precisava apenas drenar a água que se acumulou no local, mas seu estado de saúde piorou logo após o procedimento, fato que a família atribui a suposta negligência por parte dos profissionais que a atenderam na unidade. A direção do PSMC se recusou a falar com a reportagem sobre o assunto.
Devido a um desnível no chão em sua casa no Bairro Carumbé, Alessandra sofreu uma queda e lesionou um dos joelhos na manhã de sexta-feira. A estudante, que cursava o 1° ano do Ensino Médio, suportou as dores e o inchaço até a noite de sábado, quando seu pai a levou para o PSMC. Lá, de início o médico responsável afirmou que seria necessário apenas drenar a água que havia se acumulado no joelho com uma seringa. Em seguida, requisitou um exame de sangue porque seria necessário, segundo ele, uma pequena cirurgia.
Logo pela manhã de domingo, a estudante foi encaminhada para o centro cirúrgico, onde foi operada por volta das 11h. Segundo o relato do pai, Altair Rodrigues Matias, logo após o procedimento sua filha saiu lúcida, mas, já no quarto ao lado da sala de cirurgia, a garota começou a ter acessos de tosse e não conseguiu comer as frutas que o pai lhe comprou. Uma enfermeira transferiu a garota às 14h para o repouso, onde ela continuou a apresentar reações como tosse e palidez até que vomitou sangue.
Segundo Altair, imediatamente Alessandra foi transferida para a unidade de terapia intensiva (UTI), onde sofreu um infarto. “Minha filha já chegou enfartando. Aí tentaram reanimá-la, mas não conseguiram”, conta.
Causa desconhecida
“Eu acho que houve negligência, não houve?”, revolta-se o pai, lembrando que, desde que Alessandra saiu da sala de cirurgia, nenhum enfermeiro ou médico manteve-se a postos para acompanhar a garota, cujas tosses consideravam “normais” quando questionados.
“Eu falei com a enfermeira que falou que ela teve um probleminha e estava na sala de emergência. Eu desci, vim correndo. Quando eu cheguei lá, enquanto não falei que ia quebrar a porta, aí que veio o médico e falou que ela tinha morrido. Eles vieram falar era umas 20h, ela deve ter umas 19h”, relata a mãe, Geny Xavier, que falou com a filha pela última vez por telefone às 13h.
“Como que ela vai pra lá só com um negócio no joelho e morre?”, revolta-se Geny, lembrando que, na declaração de óbito expedida logo após o falecimento da filha, a causa da morte apontada é “desconhecida”. A família registrou um boletim de ocorrência na polícia logo após a morte de Alessandra.
“Ela ficou dois dias na casa do pai só sentindo dor e não aconteceu nada de mais com ela. Só foi ir para lá que ficou assim e aconteceu essa tragédia”, conta, revoltado, o namorado da estudante, Adevanir Santana Farias, de 18 anos. Durante o velório da garota, ele ainda lembrou que os médicos falharam ao verificar se a adolescente sofria de alguma alergia a substâncias anestésicas que lhe foram aplicadas antes da cirurgia, uma vez que a mãe de Alessandra sofre de mal parecido e muito provavelmente a filha também teria restrição a algum medicamento aplicado sem a devida averiguação. O pai da estudante também recorda que um médico chegou a lhe perguntar se a filha sofria de alguma alergia, ao que ele respondeu que ela mesma deveria ser consultada.
“Não tem motivo pra essa menina ter morrido por causa de uma cirurgia no joelho. A gente acredita que isso aí foi negligência. Não podia ter acontecido. Faltou cuidado e amor ao próximo por parte desses médicos, e aí ficou esse sofrimento para a família”, conta o tio Wilson Rosa de Castro, a quem foi negado ver o corpo da sobrinha na saída do PSMC antes de ir para o Instituto Médico Legal (IML), que deve conduzir exames complementares para apurar a causa da morte.
O corpo de Alessandra foi velado na tarde desta segunda-feira (11) na sede da Associação de Moradores do Bairro Bela Vista. Logo, seria sepultada no cemitério São Gonçalo. Procurada, a direção do PSMC se recusou a dar qualquer pronunciamento sobre o caso à reportagem do G1.
A presidente do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM), Dalva Alves das Neves, informou que em casos como o da estudante, basta o episódio ser noticiado pela imprensa ou remetido em forma de denúncia para que seja investigado e, na sequência, seja apurada a conduta dos profissionais envolvidos.
FONTE: PrimeiraHora | G1 MT