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Gaeco: Funcionária era “braço” da organização em cooperativa

A funcionária da agência do Sicoob, Elizabeth Aparecida Ugolini, teria atuado na cooperativa como o “braço” da organização criminosa acusada de desviar cerca de R$ 3 milhões, por meio de prestação de serviço fictícia nos convênios firmados entre a Faespe (Fundação de Apoio ao Ensino Superior Público Estadual) e diversos órgãos públicos nos anos de 2015 e 2017.

A acusação é feita pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), que na última quarta-feira (5) denunciou Elizabeth e outras 21 pessoas à Vara Contra o Crime Organizado da Capital, em decorrência da Operação Convescote.

Conforme o Gaeco, a participação de Elizabeth foi apontada por empresários que confessaram terem aberto empresas de fachada para lavar dinheiro desviado da Assembleia Legislativa e Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT). A funcionária da cooperativa trabalha na unidade localizada no interior da Corte de Contas, no Centro Político, em Cuiabá.

Um dos denunciados, Luiz Benvenuti Castelo Branco de Oliveira, segundo o Gaeco, afirmou que Elizabeth autorizava que um dos líderes da organização, o servidor do TCE-MT, Marcos José da Silva, “gerenciasse” a conta bancária aberta em nome de sua empresa, mesmo sem autorização.

A investigada Elizabeth Aparecida Ugolini era o ‘braço’ da organização criminosa no Sicoob, ao passo que permitia a movimentação bancária ao bel prazer dos investigados e ao arrepio das normas bancárias vigentes

“A investigada Elizabeth Aparecida Ugolini era o ‘braço’ da organização criminosa no Sicoob, ao passo que permitia a movimentação bancária ao bel prazer dos investigados e ao arrepio das normas bancárias vigentes”, diz trecho da denúncia.

Os investigados João Paulo Silva Queiroz e Marcos Moreno Miranda também apontaram a participação da funcionária do Sicoob.

De acordo com os dois denunciados, Elizabeth também teria relação com Cláudio Roberto Borges Sassioto, servidor terceirizado do TCE-MT e apontado pelo Gaeco como sendo um dos articuladores do esquema criminoso.

“Estes empresários relataram a suposta participação de uma pessoa conhecida como Bete, identificada como sendo Elizabeth Aparecida Ugolini, funcionária do Sicoob, que permitir que Cláudio Roberto Borges Sassioto gerenciasse as contas bancárias de ambos”, diz trecho da decisão da juíza Selma Arruda, quando autorizou a deflagração da 2ª fase da operação.

Segundo a magistrada, João Paulo Queiroz teria dito aos promotores, que a bancária cobrou participação no esquema, para continuar ajudando.

“Consta, ainda, que o empresário João Paulo da Silva Queiroz teria confessado, inclusive, que Elizabeth, para agir desta forma, teria pedido dinheiro para os suspeitos”, declarou, Selma.

Na decisão, a magistrada também apontou que a análise bancária levada pelo Gaeco, indica que uma das funcionárias da Faespe, Jocilene Rodrigues de Assunção, chegou a efetuar quatro depósitos bancários em favor da bancária. O total dos repasses foi de R$ 5.398,00.

Elizabeth foi denunciada por crime de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro em continuidade delitiva.

“Encontros rotineiros”

Marcos Miranda, em seu depoimento ao Gaeco, também revelou encontros rotineiros com Elizabeth. Segundo ele, em fevereiro de 2016 – quando abriu a empresa de “fachada”, 3M -, acompanhado de Cláudio Sassioto, foi até a agência do Banco Sicoob, localizada no interior do TCE-MT, em Cuiabá, para abrir uma conta corrente em nome da empresa.

No depoimento, o investigado afirmou que em abril de 2016 recebeu o primeiro montante de dinheiro depositado pela Faesp, no entanto, não se recorda do valor.

Após o dinheiro ser depositado, segundo Marcos Miranda, Cláudio Sassioto entrou em contato solicitando que ele fosse até o TCE-MT, para que sacassem o dinheiro na agência do Sicoob juntos.

“Sacamos na ‘boca do caixa’ a importância disponível, sendo que o restante foi preciso falar com uma tal de ‘Bete’ – uma mulher alta, magra, cabelos loiros, olhos claros, aparentando de 30 a 35 anos de idade -, que dizia ser a gerente da agência”, relatou.

Conforme o investigado, Cládio Sassioto pediu para ele deixar assinado uma ordem de saque com o valor em branco, para que, posteriormente, ele sacasse o restante do dinheiro.

“Outras vezes eu transferia diretamente da minha conta corrente para a conta corrente de Cláudio. Em outras vezes, eu deixava com a tal ‘Bete’, ordens de saque em branco assinadas para que, posteriormente, Cláduio fizesse o saque do saldo remanescente”, declarou.

Outro lado

A reportagem entrou em contato com Elizabeth Ugolini, mas, até a edição dessa matéria, ela não respondeu nossa mensagem.

Operação Convescote

Na primeira fase, deflagrada no dia 20 de junho, o Gaeco apontou que o esquema envolvendo a Faespe teria desviado valor superior a R$ 3 milhões de órgãos públicos, como a Assembleia Legislativa e Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT).

De acordo com o Gaeco, o esquema funcionava da seguinte maneira: instituições públicas firmavam convênios com a Faespe para prestação de serviços de apoio administrativo. A Fundação, por sua vez, contratava empresas de fachadas para terceirização de tais serviços. Ao final, os recursos obtidos eram divididos entre os envolvidos, sendo que o responsável pela empresa normalmente ficava com uma pequena porcentagem do montante recebido e o restante era dividido entre funcionários da fundação e servidores do TCE.

Foram denunciados por crime de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro em continuidade delitiva: Claúdio Roberto Borges Sassioto, Marcos Moreno Miranda, Luiz Benvenuti Castelo Branco de Oliveira, José Carias da Silva Neto, Karinny Emanuelle Campos Muzzi de Oliveira, João Paulo Silva Queiroz, Jose Antonio Pita Sassioto, Hallan Gonçalves de Freitas, Marcos José da Silva, Jocilene Rodrigues de Assunção, Marcos Antonio de Souza e Elizabeth Aparecida Ugolini.

Já Marcos José da Silva e Jocilene Rodrigues de Assunção além de responderem por todos os crimes acima, foram apontados no curso das investigações como os líderes da organização criminosa e também denunciados por falsidade ideológica. Já Eder Gomes de Moura responderá por corrupção ativa. 

Foram acusados pelo crime de falsidade ideológica em continuidade delitiva: Lázaro Romualdo Gonçalves de Amorim, Alison Luis Bernardi,Nerci Adriano Denardi, Márcio José da Silva, Tschales Franciel Tschá, Drieli Azeredo Ribas, Marcelo Catalano Correa, Sued Luz e Odenil Rodrigues de Almeida. 

Continuam presos Cláudio Roberto Borges Sassioto, José Carias da Silva Neto, José Antônio Pita Sassioto, Hallan Gonçalves de Freitas, Marcos José da Silva e Eder Gomes de Moura.

 

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