Os gabinetes dos vereadores Sargento Joelson (PSB) e Chico 2000 (PL), em Cuiabá, teriam sido usados como locais para negociações ilícitas e repasse de propina envolvendo a empresa responsável pelas obras do Contorno Leste. A denúncia está no relatório da Polícia Civil que embasou a Operação Perfídia, deflagrada na última terça-feira (29), e que culminou no afastamento dos dois parlamentares.
De acordo com o depoimento do funcionário da empresa João Jorge Catalan Mesquista, ele teria sido levado pessoalmente por Joelson até o gabinete de Chico 2000, onde ocorreram as negociações. Ainda segundo a Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor), João Jorge afirmou ter repassado R$ 150 mil via Pix a um intermediário e outros R$ 100 mil em espécie diretamente a Joelson, dentro da Câmara de Cuiabá.
A Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão nos gabinetes dos vereadores e recolheu imagens de câmeras de segurança da Casa Legislativa para confirmar encontros e movimentações suspeitas entre agosto de 2023 e agosto de 2024. Segundo a delegada Juliana Rado, os espaços públicos foram “desvirtuados de sua finalidade” para intermediar corrupção.
Além dos dois vereadores, também foram alvos da operação o engenheiro responsável pela obra, Glaudecir Duarte Preza, o suposto intermediário José Márcio da Silva Cunha, e o funcionário Jean Martins e Silva Nunes. As ordens judiciais envolveram sequestro de bens, quebra de sigilos e busca de provas digitais.
A investigação, segundo a Deccor, começou em 2023 após denúncia de que parlamentares estariam cobrando propina para viabilizar a aprovação de projeto que liberaria pagamentos à empresa responsável pela obra. A suspeita é de que o “mensalinho legislativo” tenha ocorrido dentro dos próprios gabinetes dos vereadores, usando a estrutura pública para favorecer interesses privados.