Haitianos tentam atravessar o transbordamento do rio La Rouyonne nesta quarta-feira (5) na comunidade de Leogane, ao sul de Porto Príncipe (Foto: HECTOR RETAMAL / AFP)
O furacão Matthew deixou ao menos 108 mortos no Haiti, informou nesta quinta-feira (6) por telefone à AFP o ministro haitiano do Interior, François Anick Joseph.
A poderosa tempestade matou 50 pessoas no município de Roche-à-Bateau, no sul do país, que ficou completamente devastado, segundo o deputado do departamento do sul, Ostin Pierre-Louis.
Segundo a Reuters, o Matthew foi a tempestade mais forte em quase uma década no Caribe.
O furacão Matthew, que também atingiu a República Dominicana e Cuba, agora segue em direção ao sudeste dos Estados Unidos, na região dos estados da da Flórida, Georgia, Carolina do Sul e Carolina do Norte. Os quatro estados declararam estado de emergência.
O fenômeno Matthew atingiu o Haiti e Cuba como um furacão de categoria 4, em uma escala de 5, pelo Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos. Depois, foi rebaixado à categoria 3. Mas ao passar pelo noroeste das Bahamas no trajeto em direção à costa atlântica da Flórida, voltou a subir para a 4.
A tempestade pode atingir diretamente a Flórida ou passar logo ao lado do litoral do estado na noite desta quinta-feira. Os danos podem ser "catastróficos" se o furacão se abater diretamente sobre a Flórida, alertou o governador Rick Scott, exortando cerca de 1,5 milhão de pessoas a obedecerem a ordens de retirada.As estradas dos quatro estados ficaram congestionadas e as lojas que vendem alimentos ficaram sem suprimentos.
Nesta quarta, o presidente americano Barack Obama alertou para a chegada do furacão no país. Os governos da Flórida, Geórgia, e Carolina do Sul emitiram ordem de evacuação aos moradores do litoral. De acordo com o canal Weather Channel, mais de 12 milhões de habitantes dos EUA estão sujeitos a avisos e alertas de furacão.
"Isso é algo que deve ser levado a sério. Esperamos o melhor, mas queremos nos preparar para o pior", disse Obama, descrevendo Matthew como uma "tempestade séria" que pode ter um "efeito devastador".
O governo da Geórgia disse que os meteorologistas preveem que o furacão "se intensifique quando sair das Bahamas em direção à costa da Flórida".
Devastação no Haiti
No Haiti, os ventos chegaram a 230 km/h, provocaram deslizamentos de terra e destruíram casas. Mais de 9 mil pessoas foram levadas para abrigar-se em escolas, igrejas e outros centros comunitários, disse Guillaume Albert Moléon, porta-voz do Ministério do Interior haitiano.
O Haiti tem 10 milhões de habitantes – sendo 4 milhões crianças – e milhares de pessoas ainda vivem em barracas de campanha desde o devastador terremoto de 2010. Além disso, a erosão é muito perigosa devido às montanhas e o desmatamento.
Entre as áreas mais vulneráveis do país estão bairros extremamente pobres e densamente povoados como Cite Soleil – onde 100 mil de seus 500 mil residentes enfrentam sérios riscos de inundação – e Cite L'Eternel, no litoral.
O Conselho Eleitoral Provisório do Haiti (CEP) anunciou nesta quarta-feira (5) o adiamento das eleições gerais previstas para o próximo domingo, dia 9, por conta dos danos.
Efeito na República Dominicana
Na República Dominicana, o último balanço indicava que três crianças e um adulto morreram na capital Santo Domingo nos desmoronamentos provocados pelas intensas chuvas do Matthew, que gerou o deslocamento de mais de 18 mil pessoas em todo o país, informou nesta terça-feira o Centro de Operações de Emergências (COE).
Na Jamaica, o exército e reservas militares assistiam as instruções de emergência, e ônibus eram enviados para evacuar as pessoas das zonas mais vulneráveis. Em Cuba, a passagem do furacão provocou a retirada de 1,3 milhão de pessoas de suas casas.
O Matthew representa o maior desafio ao sistema de alerta e prevenção de emergências de Cuba desde 2012, quando o furacão Sandy (categoria 2) deixou 11 mortos e provocou grande destruição em Santiago de Cuba, de acordo com a France Presse.
Fonte: G1