Nacional

Funcionários e alunos da USP param atividades por direitos e cota

O Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo (USP), com apoio dos estudantes, realiza nesta quinta-feira (31) uma paralisação geral na universidade. Contra o protesto, a universidade bloqueou a Rua da Reitoria com um caminhão-pipa e outros veículos para evitar a aproximação do carro de som dos manifestantes do prédio da administração.

Em nota ao G1, a assessoria de imprensa da USP disse que a "paralisação não afeta as atividades acadêmicas da Universidade e impacta apenas de 5% das atividades administrativas".

Na pauta aprovada pelo sindicato, as reivindicações principais são cotas sociais para ingresso na USP, iniciativas de permanência estudantil, bolsas de estudo e mellhorias nas condições para trabalhadores e alunos.

O presidente do Sintusp, Magno de Carvalho, afirma que elas também envolvem a questão salarial. "Não é só isso, mas queremos ajuste salarial de acordo com a inflação pelo Dieese, mais 3%", disse Carvalho. "Vai ser muito ruim se derem algum aumento qualquer para enfraquecer o movimento."

O Sintusp se diz contra o que chama de "desmonte da USP", representado pelo fechamento de novas matrículas em creches para filhos de funcionários e estudantes, a terceirização dos bandeijões, a criminalização e repressão, a “destruição da carreira dos docentes” e a proibição de festas nos campus da USP.

USP rebate pauta do sindicato
Em nota, a USP negou todas as acusações do sindicato.

"Em relação aos pontos levantados, o presidente do Sintusp deveria contextualizar o que representa o "desmonte" da Universidade e não apenas elencar pontos sem embasamento. Vamos a eles:

– as creches não foram fechadas. Continuam atendendo as crianças matriculadas.
– os hospitais ainda não foram vinculados à Secretaria de Saúde.
– não houve fim da dedicação exclusiva dos professores.
– não houve demissão de funcionários. Foi implantado o Programa de Incentivo à Demissão Voluntária no ano passado.
– a Universidade está discutindo novas formas de ingresso a seus cursos de graduação.
– não houve corte de bolsas", afirmou a USP em nota.

Greve
De acordo com estudantes, a proposta do reitor, Marco Antônio Zago, é tornar a USP mais parecida com o modelo das universidades dos Estados Unidos e de Bolonha, na Itália – com interferência da iniciativa privada na produção de conhecimento, administração e financiamento.

Magno de Carvalho diz que o ato desta quinta vai servir como termômetro para saber se uma possível greve terá força e aceitação. De acordo com ele, tentativas de paralisação anteriores tiveram baixa adesão, em alguns casos.

"Já perdemos 1.800 funcionários em todo o estado e sabemos que haverá novos cortes. É um desmonte como nunca vimos, estamos lutando contra isso. Não há outra saída a não ser organizar a maior greve da história dessa universidade", afirma Magno. Ele explica que quando fala "maior" greve, não se refere à duração (em 2014 houve uma greve de quatro meses), e sim, em número de pessoas.

Em nota, a USP afirmou que não houve demissões e que, em 2014, cerca de 1,5 mil funcionários aderiram a um plano de demissões voluntárias, o que representou "redução da ordem de 4,4% dos gastos com a folha de pagamento da USP – cerca de R$ 16 milhões mensais, além de representar redução em torno de 8,5% do quadro total de servidores técnicos e administrativos ativos na Universidade."

Busca por diálogo
Marcela Carbone, de 24 anos, representante do coletivo "Para além dos muros" e membro do DCE, diz que "é um cenário de esperança porque estamos vendo uma luta no Brasil".

Ela cita a relação da paralisação da USP com outros movimentos sociais, como a manifestação na fábrica da Mabi e os protestos dos alunos secundaristas contra a reorganização escolar em São Paulo.

"Nosso esforço de hoje é pedir diálogo com a reitoria e entregar nossa pauta de reivindicações. Mas eles nos respondem com bloqueio. Imagino que a greve vai acabar sendo a solução", diz.

Caminhão bloqueia via
A concentração estava marcada às 10h30, em frente à reitoria. No entanto, um caminhão-pipa e um antigo ônibus circular dificultaram o acesso dos manifestantes ao local e travaram o acesso do carro de som no começo do ato em frente ao prédio da Reitoria.

Por volta de 11h30, cerca de 20 pessoas arrastaram um carro que fazia o bloqueio da via ao lado do caminhão, passaram com o carro de som e seguiram rumo à reitoria.

Em nota ao G1, a USP admitiu ter deslocado carros para fechar a via contra a chegada do carro de som. "O bloqueio foi feito pela Prefeitura do Campus e não há previsão de que isso seja feito em outras manifestações", afirmou a USP em nota.

Fonte: G1

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Nacional

Comissão indeniza sete mulheres perseguidas pela ditadura

“As mulheres tiveram papel relevante na conquista democrática do país. Foram elas que constituíram os comitês femininos pela anistia, que
Nacional

Jovem do Distrito Federal representa o Brasil em reunião da ONU

Durante o encontro, os embaixadores vão trocar informações, experiências e visões sobre a situação do uso de drogas em seus