Uma corrida de poucos minutos com um motorista do Uber se tornou um constrangimento para um fotógrafo de 22 anos, que afirma ter sido vítima de rascismo. Vinícius Ferreira é de Sorocaba (SP), mas voltava de uma festa na rua da Consolação, na Capital no último domingo (11) quando percebeu um comportamento diferente do condutor do veículo – que, assim como ele, também é negro.
Ferreira conta que viajou a São Paulo para participar de uma feira no dia anterior e retornou a Sorocaba ainda no domingo. Em entrevista ao G1, o fotógrafo diz que o motorista percorreu cerca de 50 metros em alta velocidade e parou atrás de uma viatura da Polícia Militar, dizendo à equipe que o achou suspeito. A corrida teria durado cerca de dois minutos. Em nota, a Uber afirma que esse tipo de comportamento não é tolerado e ressalta que os motoristas são autônomos e utilizam a plataforma para obter benefícios individualizados.
"Na hora eu gelei, não entendi o que estava acontecendo e comecei a questionar o motorista, mas imediatamente um dos policiais mandou eu sair do carro e começou a me revistar. Perguntaram o que eu estava fazendo, onde comprei meu celular e de onde eu era", afirm Vinícius. Depois de o motorista ir embora, o fotógrafo foi liberado pelos policiais e orientado a seguir a viagem a pé, pois estava perto do destino.
"Eu justamente chamei o Uber porque não queria ficar andando sem saber direito como chegar ao endereço, apesar de conhecer alguns pontos, não consegui abrir o mapa no celular", explica o fotógrafo, que nunca havia tido problema ao usar o serviço. Após conversar com a família e relatar o ocorrido na internet, o jovem voltou a São Paulo nesta quarta-feira (14) para registrar um boletim de ocorrência. Os advogados do jovem também acionaram a Delagacia de Polícia de Repressão aos Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi).
Denúncia na web
Ferreira afirma que desde criança sofre discriminação mas, desta vez, ficou supreso com a atitude do motorista. O jovem postou um vídeo na internet explicando que vai seguir com a denúncia e, depois do susto, chegou a refletir se tinha tomado alguma atitude que pudesse assustar o motorista do Uber. "Recapitulei a história. Eu estava com uma pochete de lado, não mexi nela em nenhum momento, estava bem vestido. Sei que hoje em dia está perigoso para os motoristas."
O jovem afirma que recebeu uma ligação da Uber depois de relatar o episódio na internet. Uma funcionária se desculpou, disse que o motorista será banido do aplicativo e forneceu um bônus de R$ 20 para o fotógrafo voltar a usar o serviço. "Não pretendo usar tão cedo e, ao invés do desconto, disse a ela que preferia que ficasse no pedido de desculpas", finaliza Ferreira.
Fonte: G1