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Fotógrafo atingido por bomba na final da Copa do Brasil relembra momento: ‘Muito assustado’

O fotógrafo Nuremberg José Maria, que teve três dedos do pé quebrados por conta de uma bomba arremessada no gramado da Arena MRV na final da Copa do Brasil, neste domingo, falou com o GE sobre o momento e como está lidando com a situação. Ele, que também cobre outros esportes, disse ainda não saber se vai voltar a trabalhar no estádio do Atlético-MG.

“Estou muito assustado”, afirmou José Maria ao GE. Além dos danos físicos, o fotógrafo também teve o material de trabalho atingido por copos de cerveja e outros objetos. “Quando o time do Flamengo fez o gol, começaram a soltar bomba. Começou a vir copo de chope em cima da gente, caiu em cima do meu equipamento, caiu na minha cabeça. Depois começou a cair bombas, várias bombas, mas muitas bombas mesmo”, relatou na entrevista.

O relógio marcava 38 minutos do segundo tempo quando o Flamengo marcou o gol. Nesse momento, a torcida do Atlético Mineiro começou a arremessar objetos e bombas em direção ao gramado. Uma das bombas chegou a cair dentro do campo, e quase atingiu os jogadores do Flamengo que comemoravam o gol da vitória – e do título da Copa do Brasil.

No relato ao portal, José Maria disse que enquanto tentava fugir, acabou machucando o pé. “Eu consegui escapar de uma que caiu no campo, estourou, mandaram mais umas quatro ou cinco. Só que uma das quatro caiu no chão. Pulei para sair, que ia pegar no meu rosto. Pisei nela, aí estourou, estourou e a princípio estourou o tênis. Estourou a parte de cima do tênis, estourou a meia, estourou o fundo e eu tive um corte no pé”, contou.

O fotógrafo disse que foi atendido com prontidão pelo Corpo de Bombeiros presente no estádio, e encaminhado para o hospital onde foi constatada a fratura de três dedos do pé, cortes na região e rompimento de tendões. Por conta disso, José Maria vai ter que ser submetido a um procedimento cirúrgico.

José Maria afirmou que o prazo de recuperação dado pelos médicos é de dois a três meses e que, nesse tempo, ele vai avaliar se retorna ou não a trabalhar com futebol. “Falei com minha mulher que não voltaria, mas ela falou que não, que é o que amo fazer, que não vai deixar”, contou. O Atlético-MG está prestando apoio ao fotógrafo.

O CASO
Nuremberg José Maria fazia a cobertura fotográfica da segunda partida entre Atlético-MG e Flamengo quando foi atingido, sofrendo ferimentos na mão e no pé. Em nota, o clube mineiro afirma que vai colaborar com as investigações.

Segundo a Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos de Minas Gerais (Arfoc-MG), Nuremberg fraturou três dedos, além de ter rompido tendões e sofrido um corte o pé. A entidade informou que ele foi socorrido e levado para o Hospital João XXIII, onde passou por cirurgia.

“A Arfoc-MG já havia relatado problemas desta natureza para a administração da Arena MRV. Foi acertado que medidas de segurança seriam implementadas. Mas, se foram, não são suficientes”, criticou a entidade, em nota. “A Arfoc-MG presta solidariedade a todos os seus associados e demais profissionais de imprensa atingidos pelos atos violentos promovidos por vândalos travestidos de torcedores do Atlético-MG e cobra da Arena MRV e do Atlético-MG medidas que assegurem e preservem a integridade física de seus associados, bem como de seus equipamentos”, finalizou.

O clube mineiro publicou uma nota em que firma compromisso para que casos como deste domingo não se repitam. “A respeito dos incidentes ocorridos na Arena MRV durante a disputa da final da Copa Do Brasil, o Atlético vai colaborar com as autoridades para identificar os infratores”, escreveu. A Federação Mineira de Futebol (FMF) se solidarizou com Nuremberg e desejou recuperação ao fotógrafo.

PROBELMAS REGISTRADOS NA SÚMULA
Segundo a súmula do árbitro Raphael Claus, bombas foram arremessadas em direção ao gramado por quatro vezes: aos 9, aos 49, aos 50 e aos 52 minutos de jogo. Claus também relatou arremessos de copos aos 6, aos 45, aos 51 e aos 82 minutos da partida. Todos vieram da torcida mandante, disse o juiz.

Claus também registrou duas ocorrências de lasers que tentavam prejudicar a visão de Rossi, goleiro do Flamengo. Além disso, houve paralisação de sete minutos após o gol do Flamengo, por causa de objetos jogados nos jogadores. Foi nesse momento em que um torcedor invadiu o gramado.

Uma nova tentativa de invasão foi relatada pelo árbitro. Ela aconteceu instantes antes da premiação. Seguranças privados e agentes da Polícia Militar, inclusive com uso de gás de pimenta, contiveram os invasores.

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) pode punir o Atlético-MG em caso de julgamento. O artigo 213 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), prevê pena de multa de R$ 100 a R$ 100 mil para o arremesso de objetos no campo.

Ainda conforme a legislação, quando o caso for entendido como uma situação de “elevada gravidade” ou prejudicar o andamento da partida, o clube pode sofrer perda de mando de campo de uma a dez partidas.

Entretanto, o mesmo item do CBJD prevê isenção de responsabilidade do mandante se houver identificação e detenção dos autores do lançamento de objetos. “Sendo também admissíveis outros meios de prova suficientes para demonstrar a inexistência de responsabilidade (do clube)”, diz o terceiro parágrafo do artigo 213.

Estadão Conteudo

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