Com o olhar voltado para um programa de sustentabilidade na agropecuária de Mato Grosso também “da porteira para fora”, o Fórum Agro MT, por seu presidente, Itamar Canossa, tem feito pronunciamentos em apoio à construção da Ferrogrão, projeto de ferrovia que deve ligar Sinop (MT) a Miritituba, em Itaituba (PA). A ferrovia tem sido vista pelos produtores como uma importante rota para o escoamento da safra da região norte de nosso Estado. As defesas veementes da ferrovia se dão em virtude de recente movimento de políticos e ativistas internacionais que se opõem à construção, alegando perdas ambientais no Parque Nacional do Jamanxim, no Estado do Pará. Os defensores da ferrovia informam que o parque tem área de 859.797,04 hectares e que a área a ser desafetada para a construção é de 860 hectares, equivalente a cerca de 0,1% do parque.
Além do ínfimo impacto na área do parque, Canossa chama a atenção aos ganhos ao meio ambiente. Segundo ele, após a conclusão será reduzido drasticamente o fluxo de caminhões pela BR 163, o que implicará diretamente na redução tanto da emissão CO2 quanto de acidentes na rodovia. “Também é preciso dizer que o traçado da ferrovia acompanha o da BR-163, o que vai promover uma mínima remoção da vegetação. A ferrovia é ecologicamente sustentável”, afirmou.
Canossa também destaca que será uma via de mão dupla, na ida para o porto escoará nossa produção e, no retorno, poderá trazer fertilizantes e combustíveis com um custo mais baixo para o consumidor. “Nossa economia é baseada no agronegócio, uma atividade onde o produtor não determina o preço de seus produtos e absorve todos os custos de produção e transporte. Temos a expectativa de que a Ferrogrão promoverá uma redução do custo do frete, fazendo com que nossos produtos tenham menos pressão dos preços mundiais e que os agropecuaristas possam investir mais nas lavouras”.
E não é só uma questão de custos, mas também de viabilidade e de futuro. Mato Grosso produz, hoje, cerca de 65 milhões de toneladas de grãos por ano, sendo que há estudos que apontam que a produção poderá ser de 120 milhões de toneladas dentro de nove anos. “Temos um histórico de dificuldades de escoamento da produção, com trechos que se tornam intransitáveis no período das chuvas. Com a produção sendo alçada ao dobro da atual, como escoaremos a tudo isso?”, questiona Canossa.
Em entrevista à imprensa, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, disse que as previsões de aumento na produção atraem olhares de investidores, o que viabiliza ainda mais a obra. “Tem muita gente que acredita no Mato Grosso. Tem produtor fazendo 80 sacas por hectare. Ninguém produz isso no mundo. É mais do que o dobro do que o americano faz”, disse Tarcísio durante encontro com a Frente Parlamentar de Agropecuária (FPA) em maio.
Porém, a construção da ferrovia tem gerado muito debate e mobilizado ativistas de outros países. É prevista para o dia 15 de agosto a chegada de uma delegação para pressionar as entidades e tentar barrar a construção da ferrovia. Sobre isso, Tarcísio foi enfático: “A gente passa por coisas curiosas no Brasil. Acho que é o único país do mundo que tem que mostrar que uma ferrovia é sustentável. São coisas incompreensíveis, mas quem está na infraestrutura há muito tempo aprende a ser resiliente e enfrentar essas coisas”, rebateu Freitas.
Canossa reforça ainda a geração de empregos e renda que a construção dos quase 1.000 km de ferrovia trará para Mato Grosso, com um investimento estimado em R$21,5 bilhões. “Estudos realizados pela Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra) apontam que a implantação da ferrovia impactará diretamente na economia de 27 municípios de Mato Grosso, gerando empregos e movimentando a economia local. Nós, do setor produtivo, somos favoráveis e entusiastas à construção tanto da Ferrogrão como da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico) e, também, da Ferronorte.”, completa o presidente do Fórum Agro MT.
O Fórum Agro MT é composto pela Acrimat (Associação dos Criadores de Mato Grosso), Acrismat (Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso), Ampa (Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão), Aprosmat (Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso) e Famato (Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso).