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Flávio admite desistir de candidatura, mas afirma ter ‘um preço para isso’

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) fez no domingo, 7 a primeira aparição pública após se lançar como pré-candidato a presidente nas eleições do ano que vem, com autorização do pai, Jair Bolsonaro (PL), que está preso por tentativa de golpe de Estado. Ele afirmou que há a possibilidade de desistir futuramente da corrida presidencial, mas que há um “preço” para isso e que será necessário negociá-lo. Pesquisa Datafolha mostrou que o senador é o nome cotado da direita com pior desempenho em um eventual segundo turno contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Tem uma possibilidade de eu não ir até o fim e eu tenho preço para isso. Eu vou negociar”, disse o senador, sem detalhar qual seria a sua exigência para abdicar da disputa. Questionado pelo Estadão/Broadcast se pautar a anistia seria o preço para retirar a candidatura, respondeu: “está quente”. Ele falou que dará mais detalhes no futuro sobre os fatores para uma desistência.

O parlamentar é um dos principais porta-vozes da direita bolsonarista em defesa da anistia dos condenados por envolvimento em atos golpistas, o que incluiria o seu pai. A pauta tem encontrado resistência no Congresso.

Flávio Bolsonaro afirmou que deve se reunir hoje com os presidentes do União Brasil, Antônio Rueda, do Progressistas, Ciro Nogueira, e do PL, Valdemar Costa Neto, para discutir a sua candidatura e o projeto que pretende defender nas eleições. Marcos Pereira, do Republicanos, foi convidado, mas não confirmou participação.

O senador disse que não há fragmentação da direita em relação às eleições do ano que vem, pois todos estariam unidos contra o atual governo. Porém, nomes como os governadores Ronaldo Caiado (Goiás), Romeu Zema (Minas Gerais) e Ratinho Jr (Paraná) pretendem se lançar como candidatos de direita em 2026.

Mercado

O anúncio da pré-candidatura de Flávio à Presidência provocou queda no índice Ibovespa e alta do dólar, mas o parlamentar minimizou a reação negativa do mercado financeiro com relação a seu nome. Em resposta, convidou a imprensa para acompanhá-lo em sua primeira agenda pública como presidenciável, em um culto. “Eu avalio como natural (a resposta do mercado). Assim como o mercado, eu também tenho a convicção de que o Brasil não aguenta mais quatro anos (de governo Lula)”, disse. “Só que eles (atores econômicos) fazem uma análise precipitada”, completou, em conversa com jornalistas após participar de um culto na Igreja Comunidade das Nações, em Brasília.

Flávio disse que, agora, com a exposição pública e a pré-campanha em curso, há a possibilidade de conhecer “um Bolsonaro diferente”. Segundo o senador, o País conhecerá “um Bolsonaro muito mais centrado, que conhece a política e Brasília” e que fará a pacificação do Brasil.

Em contraposição ao mercado, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, teria reagido positivamente, segundo Flávio, à decisão do ex-presidente de nomeá-lo candidato do campo bolsonarista à Presidência no ano que vem. Tarcísio era cotado e pressionado pelo Centrão e pelo mercado a se lançar como o candidato.

“Foi muito boa a reação. Um cara que se mostrou de peito aberto. Mais uma conversa muito franca e sincera, como eu tive todas as vezes com ele. Para mim, o Tarcísio é o principal cara do nosso time hoje”, afirmou o senador em um gesto ao governador paulista.

“Eu tenho a convicção de que a gente vai resgatar o Brasil, a gente vai ganhar a eleição, começando por São Paulo, com uma diferença maior de votos com relação à esquerda do que nós tivemos em 2022. Então, não tem fragmentação da direita, tem pessoas se unindo, independentemente de vaidade”, acrescentou.

Flávio disse na sexta-feira passada ter sido designado pelo seu pai para disputar a Presidência da República em 2026. Bolsonaro está impedido de disputar eleições por causa da condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O ex-presidente cumpre a pena definitiva na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, desde o dia 22 de novembro. Ele articula, da prisão, o destino do seu apoio e de parte substancial dos votos da direita nas eleições do ano que vem.

Chantagem

O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), afirmou que a declaração do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) de que tem um “preço” para retirar a sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto “escancara o método da chantagem”. Em publicação na rede social X, no domingo, Lindbergh voltou a fazer um apelo contra a anistia aos condenados por atos golpistas de 8 de janeiro.

“O Flávio Bolsonaro é uma piada. Ele se lançou candidato na sexta-feira e hoje já admite que pode desistir dizendo que ‘tem um preço’ para isso. É blefe, é pastelão”, escreveu. Ele também lembrou a atuação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos para que o presidente americano, Donald Trump, usasse tarifas comerciais para pressionar o presidente Lula a agir pela anistia aos crimes pelos quais o ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado.

Já Eduardo Bolsonaro publicou no X que “desistir não é uma opção”, ao compartilhar um vídeo que trata da pré-candidatura de Flávio. “Para trás nem para tomar impulso, somente para frente!”, escreveu o deputado federal.

Estadão Conteudo

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