Foi concluído nesta terça-feira (19) o julgamento de Marrquessimedice Correa dos Santos e Clebio José Machado de Lima, com a absolvição deles das acusações de homicídio contra Manoel Sebastião de Lima, o “Lá Mané”, seu filho Manoel Sebastião de Lima Júnior, à época com 8 anos de idade, e seu sobrinho José Davi Rodrigues de Lima, que tinha 11, além da tentativa de homicídio contra Ivone Socorro da Silva. O Tribunal do Júri não reconheceu que eles foram os autores dos disparos de arma de fogo.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, no dia 8 de abril de 2001, na região do Cinturão Verde, Marrquessimedice, conhecido como “Marquinhos”, e Clebio, filho de Lá Mané, teriam rendido e depois executado as vítimas.
A denúncia só foi recebida no dia 14 de dezembro de 2009. Marrquessimedice chegou a ser preso após se mudar de cidade sem comunicar a Justiça. A decisão é de 2016, mas a prisão só foi cumprida em janeiro de 2020. Em outubro de 2021 foi revogada a sua prisão. Já Clebio respondeu em liberdade durante todo o processo.
No julgamento que ocorreu ontem (18), Ivone, esposa de Manoel e mãe de Manoel Júnior, afirmou que viu o rosto de Clebio, após serem rendidos e levado ao local onde seriam mortos. Um dos envolvidos no crime, Marcos Ribeiro de Campos, 21, o "Cenoura", já morreu. O autor do crime seria o cabo Hércules.
“Falou ‘desce todo mundo’, aí meu filho foi descer, caiu, quando meu filho caiu eu falei ‘vou pegar meu filho’, quando levantei a cabeça eu vi a cara dele [Clebio]. O Cenoura, eu não olhei no rosto dele, só conheci pelo timbre da voz, a voz ficou na minha cabeça até hoje”, disse Ivone.
A viúva de La Mané ainda afirmou que a relação de Clebio com o pai era conturbada e que mais de uma vez ele teria ameaçado Manoel de morte, por interesse nos bens dele. Também contou que após os homicídios, enquanto ela estava internada, Clebio teria ido visitá-la e disse para que não comentasse o caso.
Em seus depoimentos Marquinhos e Clébio negaram envolvimento no crime. O filho de Lá Mané, inclusive, se emocionou e negou a intenção de matar o pai.
“Uma palavra mal dita, não foi esse tom […] E uma coisa que eu falei pra Ivone no hospital. E hoje estou sentado no banco dos réus e sendo acusado de ser o mandante da morte do meu pai”, disse após chorar por alguns segundos.
O Júri, apesar de reconhecer a materialidade do crime, que as vítimas foram alvejadas por armas de fogo, não concluiu que os disparos foram efetuados por Clébio ou Marrquessimedice. A juíza Mônica Perri então acatou a decisão dos jurados e absolveu os dois.
“Reconheceu a materialidade do delito, bem como que terceiras pessoas efetuaram disparos de arma de fogo na vítima. Contudo, não reconheceu que o acusado concorreu para a prática do crime […] atenta à soberana decisão do Conselho de Sentença, a qual estou vinculada, absolvo os acusados Clébio José Machado de Lima e Marrquessimedice Correa dos Santos”.