Mahony, 77 anos a completar dia 27, foi afastado de todas as funções na arquidiocese pelo seu sucessor, José Gomez, o que é insuficiente para o "Washington Post", que escreveu que "tem sorte de não estar na prisão".
Gomez voltou parcialmente atrás, ao anunciar que Mahony permanecia "plenamente bispo e poderia celebrar os sacramentos e desenvolver atividades pastorais".
Mais: pediu orações "para o cardeal Mahony enquanto se prepara para ir a Roma para eleger o novo papa".
Em vez de orações, o que os fiéis fizeram foi elaborar um abaixo-assinado pedindo que Mahony fosse afastado do conclave.
A revista cita a frase do "Washington Post" em um amplo dossiê do escândalo, com o título de "Explode o caso Mahony".
O que torna a participação do cardeal norte-americano no conclave ainda mais complicada é o fato de que ele terá que depor na Corte Suprema do Condado de Los Angeles no dia 23.
O escândalo de pedofilia por parte de religiosos compôs um dos problemas que provocaram tensão entre o papa e a Cúria Romana, porque Bento 16 tentou expor todo o possível sobre o caso, mas não foi acompanhado pelos seus auxiliares.
O papa nomeou Gomez para limpar o dossiê, e a sua diocese divulgou um relatório de 12 mil páginas contendo documentos até então secretos, cuja leitura "foi uma experiência brutal e dolorosa", conforme ele próprio relatou.
A petição que a revista encampa foi elaborada pelo grupo "Católicos Unidos", considerado de esquerda.
O título é eloquente: "Cardeal Mahony, fique em casa".
Termina lembrando que o cardeal foi punido disciplinarmente e "perdeu a capacidade de ter voz na igreja".
Nesse ambiente, entende-se porque o padre Emilio Laudazi, superior da comunidade carmelita de Santa Maria da Vitória, tenha dito ao jornal "La Stampa" que, "naquilo de impensável que está acontecendo, o diabo colocou a pata e, talvez, o rabo".
Padre Emilio é exorcista.
Fonte: FOLHA.COM