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Festa e fabricação de cachaça em presídio de PE

Novas imagens, obtidas com exclusividade pela TV Globo e exibidas no Jornal Nacional desta quarta-feira (7), revelam diversas irregularidades no maior complexo penitenciário de Pernambuco.  As cenas mostram uma farra feita por presos no Complexo Prisional do Curado, antigo Aníbal Bruno, na Zona Oeste do Recife.A gravação mostra uma festa com jogo de luzes e música eletrônica, onde os detentos se divertem dentro de uma cela do Presídio Antônio Luiz Lins de Barros, que faz parte do complexo. Outro grupo que aparece nas imagens prefere o vídeo-game.

Na filmagem, ainda é possível observar que algumas celas possuem aparelhos de TV, ventiladores, geladeira. Aparelhos de telefone celular também são comuns, assim como facas. Em uma das celas, foi instalada uma fábrica de cachaça artesanal. Pela quantidade de baldes dá pra ver que a produção é farta.

Em outra área da unidade, o comércio se multiplica. Há dezenas de pequenas vendas com estoque de comida e material de limpeza. O preço é inflacionado. Um ovo custa R$ 1. Um interno que vende picolé anuncia o produto em alto e bom som.No complexo, a profissão mais comum é a de barbeiro — eles são tantos que um dos pavilhões é chamado de barbearia. Os flagrantes também mostram o uso de celulares em vários pontos do presídio e o consumo de maconha.

Um ex-presidiário, que cumpriu pena por assalto até o ano passado, contou à reportagem como é fácil conseguir comprar drogas dentro do presídio. "Cachaça, maconha, crack, propinol. Com dinheiro, se compra qualquer tipo de droga. Todo pavilhão tem fornecedor. [Quando o detento não consegue pagar], muitas vezes ele morre, fica aleijado, perde um braço ou a vida".Outro trecho da gravação mostra uma obra. Detentos preparam cimento e erguem um primeiro andar sobre as celas. É chamado de barraco. Dezenas de escadas são usadas por quem mora na parte de cima. "[Custa] no mínimo R$ 1.000, chega até a 20, mais ou menos isso".

Superlotação em três unidades
O Complexo Prisional do Curado é formado por de três presídios. As unidades têm capacidade para 1.800 presos, mas abrigam 7.000. Outra reportagem exibida esta semana mostrou os detentos usando celular e facões para brigar.Os muros de proteção do complexo não têm sido suficientes pra evitar a entrada de drogas, armas e celulares nos presídios. Apesar da colocação de tela pra aumentar a dificuldade, são comuns os arremessos de pacotes por cima do paredão. A ação é chamada de "malote" pelos presos.

Em uma revista realizada nesta quarta, policiais do Choque e de outros batalhões especiais da PM recolheram, num único pavilhão, 58 facões, 56 facas, 14 celulares, além de cachaça artesanal, cola de sapateiro, maconha e crack.

O juiz da 1ª Vara de Execuções Penais, Luiz Rocha, que também é responsável pela corregedoria dos presídios, disse que a quantidade de material apreendida mostra que é preciso ter um efetivo ainda maior de vigilância. "Precisamos ter um controle ainda maior e precisamos ter uma eficácia maior no trabalho".

O coronel reformado da Polícia Militar Éden Vespaziano é o novo secretário-executivo de Ressocialização de Pernambuco (Seres). Ele assumiu o cargo após a renúncia do juiz Humberto Inojosa, que deixou a função nesta quarta (7), dois dias após a TV Globo exibir flagrante captado pelo cinegrafista Edison Silva que mostrou uma briga entre detentos armados.O secretário de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, Pedro Eurico, afirmou que novos presídios serão construídos para reduzir a superlotação.Ele acrescentou que as revistas serão periódicas e que não vai admitir a circulação de presos com armas.

"Nós não podemos conviver com isso. Essa é uma realidade que nós não aceitamos, nós não convivemos e nós não toleraremos mais esse tipo de prática. Com relação aos celulares, nós vamos fortalecer a revista. Com isso, esperamos reduzir [o número de entrada de aparelhos]. Vamos ainda colocar alambrados e fazer policiamento sistemático em todas as unidades. Festa só evento coletivo. Festinhas para um grupo de amigos dentro de um presídio não se pode admitir. Não podemos admitir que uma pessoa tenha privilégios, já que a lei é igual para todos", disse Pedro Eurico

G1

Redação

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