Mudanças nos hábitos, desde os mais simples aos mais complexos, são mais exigidas na pandemia causada pelo Covid-19. Rever nossa rotina enganosamente parece ser fácil, mas mudar padrões de pensamentos e atitudes requer um esforço mental e, por isso, torna-se quase sempre um martírio. Vivemos novos cenários e velhos comportamentos pedem variações. Afinal, “nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia. Tudo passa, tudo sempre passará”, a lembrar (que tal cantarolar?) a composição de Lulu Santos.
Em meio a tantos problemas causados pelo Covid-19, ainda se deve considerar a necessidade de cumprimento das regras sanitárias para a contenção do vírus e evitar aglomerações. Do supermercado ao comércio local foi uma das mudanças ocasionadas em meus hábitos após cinco meses de completo isolamento social. Frutas, verduras e pães passaram a ser adquiridos na feira livre do Terra Nova que se frequentada bem cedinho, evita-se aglomeração.
Em Cuiabá há 52 feiras livres que se espalham por diversos bairros. Em torno de 1.070 feirantes acham-se cadastrados, responsáveis por mais de 1.450 barracas ao nosso alcance, por seis dias da semana, de terça-feira a domingo. E com preços bem mais em conta, se comparados aos dos supermercados.
As feiras são espátulas com pastas de inúmeras cores cedidas por legumes, verduras, tubérculos e frutas que avivam cada barraca. Sem falar no aroma das frutas, especialmente o pequi, típica do cerrado que coloca um ponto final ao ano, vendida na feira por unidade ou pela medida de garrafa pet. Pastel frito, caldo de cana, doce, biscoito são algumas iguarias de feiras livres espalhadas pela cidade que podem ser saboreadas no local.
Aos sábados, bem cedinho, na Feira Livre do Terra Nova tenho paradas certas: A barraca “Delícias da Roça”, de Renata e Eduardo, decorada para as festas de final de ano desde o dia 28 de novembro, é o lugar do doce pecado: mel, rapaduras, doces de compota, biscoitos, balas de coco que tanto adoçaram minha infância… Na “Delícias da Roça” é também onde se encontram pães fresquinhos. A novidade da charmosa barraca é o pão integral que Renata passou a fazer. Hummm! De dar água na boca.
Seu José do “Café da Feira” é a garantia de adquirir produto 100% natural, a certeza de estar saboreando um café, sem impurezas, moído na hora. Sua barraca, pelo aroma que exala, como imã, atrai os viciados em café. Outra barraca que exerce atração da clientela pelo aroma é a das folhas: couve, alface, hortelã, coentro, cebolinha, salsinha e a rainha manjericão, onde conheci a delicadeza das suas miúdas flores brancas. Seu Francisco, a anunciar seus produtos em uma lousa verde que exibe sua caligrafia em giz branco com um traço regular e elegante, comercializa frutas e tubérculos, com destaque para a mandioca plantada por suas mãos.
A Feira Livre do Terra Nova tem cores internacionais – vermelha, azul e branca da haitiana Denise, sempre com sua linda menininha chilena; do altivo haitiano, cujo nome até hoje não dou conta de pronunciar, único a comercializar carás avantajados. Para finalizar a manhã de sábado, não podem faltar os ovos caipiras tão fresquinhos, vendidos pela professora Linda, vindos do galinheiro de seu sítio.
Mudança de padrões têm resultados inesperados. Como “tudo o que se vê não é igual ao que a gente viu há um segundo, tudo muda o tempo todo no mundo”, continuemos nossa marcha por novas trilhas. O resultado é inesperado.