Esta semana faz exatamente um ano que a Zumzum fechou as portas, depois de 10 anos de atividades.
Sempre me perguntam: vai voltar? Não sente falta? Não sente saudades?
Na minha memória ficam os momentos de alegria que passei lá, e também a feliz ideia da história que escrevemos juntos ao longo de tantas noites, tantas festas, artistas, gays, promoters, DJs, misters, misses, dragqueens, gogoboys, travestis, transexuais, lésbicas, shows, cultura, conhecimento, pessoas, amores, traições e acima de tudo ORGULHO – de poder dizer um dia: fiz parte dessa história que para alguns começou lá atrás na época de Baratos e Afins, Casa Cuiabana, Balaio de Gato e Galeria do Pádua.
Dá saudade? Dá sim – de rir com os amigos que hoje caminham cada um com sua vida e seus projetos. A Zumzum tinha uma característica que lhe era muito peculiar: quando as pessoas chegavam à boate, se sentiam em casa, livres, em família.
Havia uma cumplicidade. Todo mundo conhecia todo mundo. Todo mundo amava e odiava. Mas no fim éramos uma família.
Daqui do Rio de Janeiro, onde vivo atualmente, às vezes no meio de uma balada toca uma música, e vem a lembrança da nossa pista, do nosso palco, e vejo com orgulho que fizemos muito bem tudo.
Porque de tudo que tenho visto por aqui, de alguma forma já fizemos em Cuiabá. As ideias de shows e de formato de festas e distribuição de conhecimento e cultura. Isso sim me dá ORGULHO.
Produzimos uma história. Contamos juntos cada capítulo, a cada semana nas inúmeras atividades que desenvolvemos. Cada um de nós contribuiu com uma parcela. Fortalecemos o movimento LGBT.
E se alguém no futuro perguntar ou fizer uma pesquisa sobre a noite gay de Cuiabá, certamente dirão: “Você nem imagina o que foi a Zumzum!”.
E no fundo a gente ainda ouve aquela voz que parece ao querer calar: “Pode entrar, Elza Brasil – está na hora de você dizer: Boa Noite Zumzum!”.
Saudades…