Nacional

Famílias abrigadas em escolas organizam mudança para as barracas

 
Na Escola Estadual Castelo Branco, as opiniões entre as famílias estão divididas. Quatro delas devem optar pelo auxílio moradia, no valor de R$180, outras dizem que vão sair sem causar transtornos, mas a maioria ainda afirma que vai resistir deixar as escolas para morar nas barracas.
 
O Rio Madeira vem apresentando sinais de baixa nos últimos dias, e na tarde desta quarta atingiu a cota de 19,46 metros. O maior nível registrado ocorreu no dia 30 de março, com a marca de 19,74 metros. Além das 1,5 mil famílias desabrigadas, outras 3,5 estão desalojadas. Os dados são da Agência Nacional de Águas (ANA) e Defesa Civil.
 
A desabrigada do Bairro Balsa, Antônia Ribeiro de Freitas, de 37 anos, afirma que gostaria de alugar um imóvel, mas que o valor do auxílio é muito baixo.Não posso assumir uma despesa de aluguel e contas. Tínhamos um bar onde a água já chegou ao telhado. Era nosso ganha pão. Não vou fazer confusão pra sair, pois as aulas tem que voltar. É uma situação passageira, se Deus quiser. Se a polícia for chamada teremos que sair à força e será pior, as crianças vão ficar assustadas, disse Antônia.
 
Quando questionada sobre o que espera da vida no Abrigo Único, ela diz que vai fazer o possível para ajudar a todos.Me preocupo com a convivência nos espaços de uso comum, mas se cada um tiver consciência de manter limpo, já é uma grande coisa. Não gosto de sujeira e aqui na escola também já ajudei na cozinha, quando as refeições eram feitas coletivamente, disse Antônia.
 
A aposentada Zuila Ribeiro de Freitas, mãe de Antônia, disse que já começou a organizar a mudança.Começamos a encaixotar as coisas na semana passada. Fizeram até um abaixo assinado na escola, para as pessoas que não concordassem em sair, mas nem assinei. Acho bobagem. A gente quer voltar pra casa, ninguém quer morar em sala de aula ou barraca, mas precisamos ter paciência, disse dona Zuila que para não passar o dia todo no abrigo, e ter alguma renda, montou uma barraca para vender lanches próximo ao porto da Balsa, bairro onde morava. Eu estava ficando nervosa de passar o dia inteiro no abrigo, se queixa a idosa de 62 anos.
 
O auxiliar de serviços gerais José da Silva, diz que optou pelo auxílio aluguel, mas que pretende dividir um apartamento com outra família.É muito pouco os R$180, então nós vamos fazer um sacrifício de morar sobre o mesmo teto e dividir as contas. Serão onze pessoas, de duas famílias, morando juntas, mas é melhor do que ir para aquelas barracas quentes, disse José.
 
Na Escola Estadual São Pedro, no bairro Pedrinhas, alguns dos desabrigados afirmam que se precisarem vão entrar em luta corporal com quem tentar tirá-los do local.Não vou e pronto. Quero ver quem vai me levar daqui com minha esposa e meus filhos pra morar naquelas barracas. Querem nos levar pra lá e abandonar todos à própria sorte, sem dar assistência que já é precária. Além disso, lá vamos viver feito prisioneiros, com horário fixo pra tudo
, desabafou o desempregado Dilvan Lima dos Santos, de 26 anos. Para o interior da barraca as famílias só poderão levar roupas, objetos de uso pessoal e um ventilador.
 
O G1 tentou contato com a Secretaria Estadual de Educação (Seduc), para saber sobre os trabalhos de limpeza e preparação das escolas, após a saída das famílias, além da previsão de volta às aulas, mas não obteve retorno. A Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) informou que a data prevista para a liberação do auxílio aluguel, para quem optou pelo benefício, será definida nesta quinta-feira (10).
 
G1

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Nacional

Comissão indeniza sete mulheres perseguidas pela ditadura

“As mulheres tiveram papel relevante na conquista democrática do país. Foram elas que constituíram os comitês femininos pela anistia, que
Nacional

Jovem do Distrito Federal representa o Brasil em reunião da ONU

Durante o encontro, os embaixadores vão trocar informações, experiências e visões sobre a situação do uso de drogas em seus