Relatório elaborado a pedido da Delegacia Fazendária (Defaz) apontou, com base na quebra de sigilos bancários, que familiares e funcionários do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) receberam depósitos da empresa JBS S/A. Somados, os valores superam R$ 1,8 milhão.
A quebra de sigilos bancários foi autorizada pela juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, no âmbito da 2ª e 3ª fases da Operação Sodoma, que investiga a cobrança de propina por parte de integrantes do Governo passado. O documento deve embasar investigação do Ministério Público Estadual (MPE), para descobrir se tais valores movimentados são frutos ou não de ações ilícitas.
O relatório foi feito sob análise das contas bancárias de 19 pessoas e 14 empresas ligadas a Silval. Há quatro transações envolvendo a empresa JBS, que no Governo Silval Barbosa recebeu incentivos fiscais milionários.
“Na análise dos dados, foram identificados valores transacionais entre as contas com sigilo afastado outros que chamaram a atenção pelo alto valor, os quais estão devidamente relacionados no presente”, diz trecho do relatório encaminhado ao MPE.
Suspeitas
Os incentivos à JBS são citados na delação de um dos sócios da JBS, o empresário Wesley Batista. Em sua delação na Operação Lava Jato, o executivo afirmou que pagou propina de R$ 30 milhões ao ex-governador Silval Barbosa (PMDB), para que o grupo fosse beneficiado com a redução do percentual de impostos pagos pela empresa ao Governo. O pagamento teria sido feito nos anos de 2011,2012 e 2013.
Além disso, os incentivos à JBS são investigados em ação, na qual o Ministério Público Estadual (MPE) acusa o ex-governador e os ex-secretários Pedro Nadaf, Marcel de Cursi e Edmilson Santos, de concederem benefícios na ordem de R$ 73,5 milhões de forma ilegal.
Os depósitos
Conforme o relatório, nos extratos bancários da conta do filho de Silval, o médico e empresário Rodrigo da Cunha Barbosa, foram identificados três depósitos da JBS, totalizando o valor de R$ 470,8 mil, entre junho de 2014 e junho de 2015.
Rodrigo é réu na ação penal derivada da 2ª e 3ª fases da Sodoma, acusado de ser o responsável por identificar possíveis empresas para participar de um suposto esquema de corrupção no Governo passado, além de atuar como arrecadador de parte da propina em nome de seu pai.
O segundo beneficiário apontado no relatório é Claudio da Cunha Barbosa, irmão de Silval. Foram 16 depósitos entre os meses de janeiro de 2011 e maio de 2016, no total de R$ 920,2 mil.
Quem também recebeu valores da JBS foi outro irmão de Silval, Antônio da Cunha Barbosa Filho. Entre janeiro e agosto de 2011, foram sete depósitos, totalizando 255,1 mil.
O administrador da Rádio Educadora Nova Geração Ltda., Alvacir Gasparetto, conforme a quebra de sigilo, recebeu quatro depósitos da empresa. Entre fevereiro e agosto de 2011, o total repassado a ele foi de 187,5 mil.
A empresa, segundo o documento, está no nome de Rodrigo Barbosa e da mulher de Silval, Roseli Barbosa.
Sigilo quebrado
A quebra de sigilo foi solicitada pelos delegados Alexandra Fachone e Márcio Vera, da Defaz. De acordo o documento, na deflagração da 3ª fase da Operação Sodoma, em que Rodrigo Barbosa foi preso, foi cumprido mandado de busca e apreensão nos escritório de sua empresa, localizado na Avenida Historiador Rubens de Mendonça (Av. do CPA). Na ocasião, foram apreendidas diversas fontes de dados que, segundo a Defaz, embasaram o pedido de afastamento de sigilo bancário dos investigados.