O ministro, que esteve em Cuiabá no dia 25 de abril para realizar palestra sobre planejamento aos prefeitos mato-grossenses, destacou o que ele chamou de falta de competência dos gestores que assumem cargos sem realizar planos de trabalho ao longo do mandato.
“A consequência são as obras que estão caminhando a passos de tartaruga,o que é um prejuízo imensopara a população e para imagem do Estado.”
E destacou o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), prometido como uma das maiores benfeitorias da atual gestão, e que, no entanto, foi mal planejado desde o início, inclusive sendo alvo de disputa com a primeira opção que era o BRT (Bus Rapid Transit).
“Eu sou admirador e defensor de Mato Grosso, mas infelizmente temos uma situação lamentável, pois as obras da Copa em Cuiabá foram realizadas sem planejamento antecipado e adequado por falta de governança”, desabafou Nardes.
A avaliação do ministro foi realizada com base nos relatórios emitidos pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). Na última inspeção, realizada no dia 31 de março, o TCE informou que a obra está em apenas 50,3% e que há necessidade de acelerar o andamento na estiagem ou haverá novo retardamento caso não fique pronta até o próximo período chuvoso. O exemplo citado no relatório foi o da Trincheira do Zero, onde a primeira parte dos trilhos deve ser instalada.
Segundo o TCE, ainda há serviços críticos envolvendo drenagem, terraplanagem e pavimentação que só são passíveis de serem realizados no período seco, contudo há um grande risco de não haver tempo hábil.
O relatório destacou também que houve melhoras significativas nos trechos da linha 1 visitados pelo TCE, mas ainda são insuficientes, precisando assim que os trabalhos sejam redobrados, pois, na situação em que está, será difícil o governo cumprir a promessa de deixar pronto o trecho Aeroporto-Porto até o dia 31 de maio.
O outro lado – Em nota, a Secretaria Extraordinária da Copa 2014 (Secopa) rebate as críticas do ministro Nardes. "As 56 obras são fruto da oportunidade gerada pela realização da Copa do Mundo em Cuiabá. Mesmo diante das dificuldades, a oportunidade que foi proporcionada ao Estado de Mato Grosso se sobressai, não permitindo o acovardamento e o não enfrentamento das situações encontradas".
“Sou um admirador de Mato Grosso, mas é lamentável queas obras da Copa foram feitas sem planejamento,sem governança.”
TCU já previa atraso do VLT há dois anos
O Tribunal de Contas da União (TCU), responsável pela fiscalização da aplicação dos recursos federais cedidos a título de empréstimo ao Governo de Mato Grosso, já havia destacado em 2012 que o prazo para a construção do VLT não seria cumprido. E caso isso acontecesse, o financiamento liberado pela Caixa Econômica seria cortado e o Estado deveria arcar com os custos, sem a ajuda financeira de R$ 423,7 milhões.
Dois anos se passaram após essa advertência e o processo TC-017.080/2012-6 ainda está em andamento no TCU aguardando julgamento, apesar de o TCE ter comprovado em relatórios o atraso e o Governo do Estado ter admitido que apenas em dezembro uma das linhas será entregue.
De acordo com Augusto Nardes, o relatório ainda está nas mãos do ministro Waldir Campello, responsável pela ação, e que por isso ainda há o risco de o VLT ser excluído como uma das principais obras da Copa.
“Não posso antecipar um decisão do Pleno sobre o VLT em relação ao Estado não ter cumprido o prazo, pois isso só pode ser decidido em votação. Mas, como o processo ainda está em andamento, não se pode excluir o risco do VLT ficar fora do pacote de obra das Copa”, explica o presidente do TCU.
O secretário estadual do TCU, Waldemir Paulino Paschoiotto, informou, porém, que dos R$ 1,2 bilhões de empréstimo concedidos pelo BNDS e Caixa, aproximadamente R$ 700 milhões já foram repassados para o governo. “O dinheiro está sendo liberado de acordo com o avanço das obras”, frisou Paschoiotto.