O especialista em engenharia de tráfego Luiz Miguel de Miranda, professor do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), e que sempre tem sido consultado pelo Circuito Mato Grosso a respeito das obras da Copa, já fala em dor humana num futuro breve. Segundo ele, as obras estão desalinhadas e sem nenhum controle tecnológico, o que pode provocar tragédias sem precedentes.
Contra a qualidade questionável das obras já entregues da Copa do Mundo em Cuiabá e Várzea Grande, a Procuradoria Geral do Estado (PGE), em conjunto com a Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa), decidiu notificar as empreiteiras responsáveis pelas construções contratadas pelo governo. Mas isso só ocorreu neste mês de agosto de 2014, após a realização do Mundial e prazos descumpridos, quando o viaduto já estava sendo utilizado pelos condutores e apresentando trincas em sua estrutura.
E a gravidade das falhas no viaduto da Jamil Boutros Nadaf (Viaduto da Sefaz), de acordo com o engenheiro, fica evidente quando a Secopa anuncia a interdição da via para reparos por um período de quatro meses. “Isso mostra que a falha é muito mais grave do que a anunciada”.
Na mesma semana em que o viaduto da Sefaz foi totalmente interditado por apresentar fissuras nas juntas de dilatação, a Secopa criou uma comissão para averiguação técnico-administrativa de possíveis irregularidades na execução de três das principais obras da Copa em Cuiabá.
A comissão mista irá analisar as obras da Trincheira Ciríaco Cândia, Trincheira do Santa Rosa e a Trincheira do Verdão. Todas estavam sob responsabilidade inicial da Ster Engenharia, por meio dos contratos n° 15, 16 e 17/2012 e que foram rescindidos em março de 2013.
A portaria destaca a “necessidade de instauração de procedimentos administrativos com vistas a reparar possíveis danos ao erário, em virtude de serviços que possam vir a ter sido prestado aquém da qualidade especificada por parte da empresa Ster Engenharia Ltda”.
BARRANCO – Ao lado do viaduto do Despraiado, moradores tiveram que sair às pressas depois que, a pedido do Circuito Mato Grosso, o Conselho Regional de Engenharia (CREA-MT) constatar uma falha no corte da encosta.
Após muita peregrinação, nove moradores foram retirados da área pela Secopa com a garantia de serem indenizados. Nem a indenização foi paga nem a Secopa deu início ao trabalho de correção da falha, apesar de a licitação do serviço já ter sido feita há dois meses.
Medo de desabamento
A população teme pela queda do “viaduto da Sefaz”, localizado na avenida do CPA. “Tendo em vista esta situação que está acontecendo não só aqui, mas em outros estados que estão caindo obras eu não teria coragem de passar pelo viaduto. Porque a gente tem família e que depende de nós também. Eu não tenho coragem de passar. Se liberasse por agora eu não passaria, porque não tem qualquer segurança”, destacou o moto taxista Edimilson da Silva.