O problema ocorreu no sentido Estação Central, na Rodoviária Plano Piloto. Pela manhã, todos trens que partiam de Samambaia e passavam por Águas Claras sofreram atraso de pelo menos dez minutos. O G1 procurou o Metrô para saber o que causou o problema, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
Morador de um prédio vizinho à estação, o bancário Luiz Rodolfo da Silva flagrou o momento em que passageiros abandonavam os trens e caminhavam pelos trilhos. Ele afirma que foi atraído para a janela de casa pela gritaria na estação.
"Aqui, quando o metrô para de funcionar, corta a ventilação dentro. Como os trens estão superlotados com o fim da greve, o pessoal fica agitado. Eu logo olhei pela janela e vi a confusão. Acho que era o maquinista de fora, pedindo para o pessoal se acalmar", conta o homem.
Ainda segundo Silva, os passageiros começaram a quebrar os vidros do trens por medo de passar mal e pelo nervosismo diante da situação. O registro foi feito pouco antes das 7h, mas os problemas na estação teriam durado pelo menos uma hora.
"Hoje minha esposa foi para o trabalho de carro, mas ela costuma ir de metrô todos os dias. Bate um desespero ver isso, porque pode acontecer com ela dentro", declarou. "Eu gostaria que fosse melhor o serviço aqui, gostaria de poder usá-lo. Mas, além de não chegar até onde trabalho [SIA], vive dando problema."
Paralisação suspensa
Os metroviários decidiram suspender a greve e retornar ao trabalho na manhã desta quinta-feira (10) depois uma audiência entre diretores do sindicato da categoria e representantes do autarquia no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). A paralisação foi interrompida pelo menos até sexta-feira (11), quando ocorre uma nova reunião entre as partes.
A previsão era de que o sistema operasse normalmente a partir das 6h desta quinta, com 24 trens nos horários de pico – durante a greve, o serviço contava com sete veículos nesses mesmos períodos.
A categoria reivindica correção das distorções salariais do plano de carreira, redução da jornada de trabalho para seis horas, reajuste salarial de 10%, previdência complementar e aumento da quebra de caixa da bilheteria. O secretário de Administração Pública, Vilmar Lacerda, afirma que o pedido não faz sentido, porque os salários já foram dobrados no ano passado.
Por causa da indefinição em relação à manutenção das atividades, o Departamento de Estradas de Rodagem informou que o trânsito de veículos na faixa exclusiva da EPTG está liberado até que seja tomada uma decisão final sobre a greve dos metroviários.
Prisões
Nesta quarta-feira (9), 40 pessoas foram presas durante um protesto contra a demora e superlotação de trens do Metrô do Distrito Federal. O problema ocorreu depois que representantes do sindicato bloquearam o acesso de pilotos e invadiram a sala de controle dos veículos, no sexto dia de greve. Os passageiros deixaram a estação de Ceilândia Centro e bloquearam o trânsito da Avenida Hélio Prates.
Os manifestantes teriam se irritado com a situação, que provocou um atraso superior a uma hora, e danificado alguns trens, além de acionar o botão de emergência. Por prevenção, a direção da autarquia decidiu suspender a operação em três estações de Ceilândia, desenergizando a via.
Durante a manifestação, vidros de um ônibus também foram quebrados. A PM disse que precisou usar bombas de efeito moral para dispersar o grupo. Os detidos vão responder por desacato, resistência e dano ao patrimônio público.
Um dos participantes do ato, Paulo César Tiago de Oliveira disse que a confusão começou ainda dentro da estação. "Quando o trem chegou em Ceilândia Centro, ele parou. Não deixaram o trem sair, fecharam as portas do metrô, não abriram, o pessoal começou a passar mal. Aí a polícia começou a jogar spray de pimenta com o povo dentro do metrô", disse.
Segundo o rapaz, os usuários começaram a quebrar os trens em resposta à situação. "Por revolta, começaram a quebrar o metrô. Eles pediram o retorno do dinheiro, mas [o Metrô] não devolveram os R$ 3. As pessoa se indignaram. Aí começaram a manifestação [de forma] pacífica, mas os policias chegaram com excesso, empurrando, desrespeitando o cidadão trabalhador."
A sindicalista que invadiu a sala de controle do Metrô também foi detida. Segundo o sindicato, a autarquia havia convocado sem experiência ou afastadas do cargo pilotassem os sete trens que estavam em circulação durante a greve. A empresa disse que havia chamado ex-pilotos que ocupam atualmente outros cargos apenas para garantir o serviço.
G1