O assunto de hoje é a força dos motes de campanha política no sucesso eleitoral dos candidatos. Ele (o assunto) surgiu de uma declaração do governador Ronaldo Caiado sobre seu interesse de tornar-se presidente da república. Daí fui buscar na memória exemplos dos temas que embalaram os comícios de figuras vitoriosas.
Primeiro foi o folclórico sul mato-grossense Jânio Quadros, que se candidatou em 1960. O Jânio era um pernóstico e culto advogado e professor, que se expressava com um português impecável e oratória cativante.
Entretanto, estes dotes não seriam suficientes para ganhar a eleição, mas, o esperto Jânio percebeu um clamor da população que via uma sujeira generalizada na política nacional. Sujeira se enfrenta com vassoura, pensou ele, daí criou um pequeno broche dourado distribuído à população como símbolo do governo que varreria a corrupção do País. Ele foi o responsável, adiante-se, pela ditadura brasileira que durou 20 anos.
Superada a ditadura, outro finório, o Fernando Collor, farejou que a maior birra dos brasileiros na época eram os gastos com pagamento de altos salários a alguns funcionários públicos apelidados de marajás. Vestiu-se (metaforicamente) de caçador de marajás e faturou a eleição de 1989.
Depois outro Fernando, agora o Henrique, auto atribuiu-se o título de Pai do Plano Real e venceu duas disputas seguidas.
Na sequência veio o Lula, que já tinha perdido três eleições, derrotas atribuídas ao seu jeito carrancudo e mal-humorado. Fantasiou-se, então, de “Lulinha Paz e Amor” e nos impingiu o PT por 13 anos.
Pelo escrito acima percebe-se que o povo precisa de motes empolgantes para escolher os presidentes. No caso do Jânio foi a sujeira, o Collor focou nos Marajás, Fernando Henrique foi o salvador da pátria e com o Lula, o mau-humor virou ternura.
Hoje, que mote de uma campanha atrairia milhares de eleitores? Qual o problema mais citado hoje pela população? Creio que é a segurança pública. O povo está amedrontado principalmente nas grandes e médias cidades com o aumento dos crimes. As facções criminosas dominam favelas e bairros mais pobres e já avançam sobre os espaços financeiramente elitizados.
Aproveitando este gancho, imitando Jânio, Collor, Fernando Henrique e Lula, já desponta, ainda que discretamente, o Ronaldo Caiado, governador de Goiás que conta com 72% de aprovação do seu governo.
Estou convencido de que ele é um forte candidato para 2026. O Bolsonaro está inelegível, o Lula desgasta-se continuamente e o mais cotado atualmente, Tarcísio de Freitas, embora faça um bom governo em São Paulo, não tem o carisma necessário para ganhar a eleição nacional.
Uma boa administração estadual não é um argumento suficientemente forte para entusiasmar o povo. Agora, o sucesso no combate ao crime organizado, neste momento em que tornozeleira eletrônica virou símbolo de prestígio nas favelas, e o termo “faccionado”, título de nobreza, não há mote melhor para um político que a fama de vencedor das facções criminosas.
Foto: Ilustração Deco Farkas