Militares da Força Aérea Brasileira (FAB) voltaram ao norte de Mato Grosso, na cidade de Peixoto de Azevedo (674km ao Norte de Cuiabá), para realizar uma homenagem às vitimas de uma das maiores tragédias da aviação civil, a queda do Boeing 737, da Gol (Voo 1907), ocorrida após se chocar no ar com um jato Legacy, em 29 de setembro de 2016. Os militares levaram uma imagem da Nossa Senhora do Loreto, padroeira dos aviadores e da aviação e realizaram uma oração.
Os militares do Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento, conhecido como PARA-SAR, também gravaram entrevistas para o documentário sobre o acidente, que será lançado no dia 29 de setembro, no site da FAB (www.fab.mil.br), em homenagem às vitimas do acidente.
“Essa é uma homenagem às vítimas do acidente, aos seus familiares e aos militares que trabalharam aqui”, afirmou o Comandante do PARA-SAR, Major de Infantaria Anderson de Oliveira Schiavo, que, na época, passou quase 30 dias trabalhando no local.
Para retornar ao local, os militares do PARA-SAR saíram de Campo Grande (MS), onde a unidade está sediada (na época, a sede era no Rio de Janeiro), e pousaram no Campo de Provas Brigadeiro Velloso, na Serra do Cachimbo, na divisa do Pará com o Mato Grosso. Posteriormente, embarcaram no helicóptero H-60L Black Hawk e, após uma hora de voo, desceram por meio de um guincho.
“A mata está como encontramos na primeira vez em que tivemos de descer por meio do guincho; depois de abrirmos a clareira, até dois helicópteros pousavam aqui, mas agora não há condições de pousar nenhum helicóptero”, ressaltou o Tenente Médico Felipe Lessa. Em 2006, ele foi um dos primeiros a chegar ao local e passou 40 dias no trabalho de resgate dos corpos.
Ao total, cerca de 800 pessoas de diversos órgãos públicos federais e estaduais, entre militares, policiais e legistas, mobilizaram-se durante os trabalhos na selva amazônica. Os principais destroços da aeronave ficaram espalhados em um raio de mais de 1,5 km. No local, os militares enfrentaram diversos problemas, como a grande quantidade de insetos, principalmente, as abelhas, além da mata fechada, o calor intenso, a falta de hidratação e câimbras.
"É muito emocionante voltar aqui depois de tanto tempo, um sentimento muito forte reviver um pouco os caminhos que percorri juntamente com meus colegas porque, nesses dez anos, sempre vinha à minha lembrança o cenário daqui e, várias vezes, sonhei que ainda estava trabalhando nesse local", ressaltou o Sargento José Torres que, na época, passou 15 dias no local dos destroços.
O objetivo inicial era encontrar sobreviventes, mas, devido à gravidade do acidente, logo no início se percebeu que não existiriam passageiros ou tripulantes vivos. Então, a busca passou a ser pelos corpos dos ocupantes da aeronave. À medida que eram encontrados, os corpos eram levados para as clareiras, colocados em recipientes adequados, transportados de helicópteros até a Fazenda Jarinã, que era ponto de apoio da operação, para serem identificados por peritos e, posteriormente, para o Instituto Médico Legal de Brasília. Depois de 44 dias de trabalho na mata, todos os corpos foram encontrados. A FAB também retirou da selva aproximadamente 1,6 tonelada de pertences das vítimas para ser entregue a seus familiares.
“O sentimento é de missão cumprida. Nós só concluímos os trabalhos depois de encontrarmos o último corpo para que os familiares pudessem realizar suas homenagens”, enfatizou o Major Schiavo.
O jato legacy conseguiu pousar com segurança e os sete ocupantes não tiveram ferimentos graves.
Documentário
O documentário "Voo 1907: Dez anos depois" retrata todas as fases da missão de resgate dos corpos. Foram entrevistadas, ao total, 22 pessoas que trabalharam diretamente no resgate dos corpos, além de familiares das vítimas.
Veja os teasers
Com Assessoria da FAB