Cidades

Expulsão de alunos por orgia causa protestos na Unesp de Araraquara

 
A expulsão ocorreu após uma sindicância da instituição que apurou o caso. A denúncia foi feita no ano passado por alunos contrários à prática. Os manifestantes, no entanto, dizem que a medida foi abusiva e não respeitou outras instâncias.
 
Nesta segunda, estudantes montaram acampamento ao lado do restaurante universitário em solidariedade aos alunos expulsos da moradia popular. Eles organizaram reuniões durante todo o dia para discutir as ações desta semana.
 
A paralisação também se dá contra a entrada de alunos na Unesp por meio de um curso a distância.
 
Após dois anos, o estudante pode ingressar nas graduações presenciais sem realização de vestibulares por meio do Pimesp (Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Público Paulista), projeto do governo estadual que visa aumentar a inclusão.
 
Segundo o grupo de alunos, o curso a distância é excludente e não atende à política de cotas raciais e sociais. Conforme a Unesp, o curso ainda está sendo analisado. O Pimesp visa destinar 50% das vagas das instituições aos cotistas.
 
Os manifestantes de Araraquara também questionam as instalações do restaurante universitário e da moradia. De acordo com eles, a universidade reduziu a quantidade de refeições grátis para alunos pobres e não tem investido na melhoria das moradias.
 
Os alunos reclamam ainda da concessão de bolsas de auxílio-estudo, alimentação e moradia, cujo acesso, segundo eles, é difícil e restrito. O campus da Unesp de Araraquara tem cerca de 4.000 estudantes em cursos de graduação e pós-graduação.
 
"Vamos fazer as paralisações para chamar a atenção da universidade. Somos contra qualquer medida que possa ser excludente", disse Victor Mateus Leandro Silva, 20, um dos manifestantes.
 
A paralisação foi decidida na semana passada em assembleia feita pelos estudantes. A decisão não foi, porém, unânime. O protesto contra o Pimesp já foi feito em alguns campi da instituição na semana passada no Estado.
 
MORADIA
 
Na moradia, a principal reclamação dos alunos é a falta de segurança e o preconceito. A Folha ouviu alguns deles, que disseram que, por causa dos episódios do último ano, ficaram taxados de vândalos e irresponsáveis.
 
A moradia é composta por quatro blocos residenciais com capacidade para 128 pessoas, segundo os estudantes. Os quartos são feitos para duas pessoas, mas alguns deles chegam a ser ocupados por três –o terceiro dorme em colchão no chão.
 
"Gostaríamos de ter mais segurança. Qualquer um pode entrar aqui. Por causa disso, os casos de furto são constantes. Os muros são baixos e não temos nenhuma privacidade com quem passa na rua", disse a estudante Flávia Maria Uehara, 20.
 
Para a estudante Ana Paula Pereira, 20, a universidade deveria dialogar mais com os alunos e atender às reivindicações. "Queremos ser ouvidos. A paralisação é para forçar o diálogo", afirmou.
 
"A segurança e o mau uso das instalações por alguns alunos são o maior problema da moradia", disse o estudante André Felipe Inocêncio, 21.
 

Redação

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