O deputado federal Fabio Garcia (PSB) voltou a contestar a decisão da Executiva Nacional do partido, que na última quarta-feira (14) filiou e colocou na presidência do diretório estadual o também deputado federal, Valtenir Pereira.
De acordo com Garcia – destituído do comando da sigla em Mato Grosso, por ter votado a favor a Reforma Trabalhista proposta pelo Governo Michel Temer (PMDB) – a decisão do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, não tem motivação pela questão da ideológica.
“Existe uma motivação que não a questão ideológica ou busca pelo crescimento do partido. No futuro, a luz do sol e a transparência irão nos fazer entender”, disse Garcia, em entrevista à Rádio Capital FM, na manhã desta sexta-feira (16).
O deputado disse que a volta de Valtenir à presidência do partido é incoerente, uma vez que a atuação do parlamentar contraria as questões defendidas pelo partido.
Garcia relembra a decisão de Siqueira em abril deste ano, quando destituiu toda a diretoria em Mato Grosso. “Ele destitui essa diretoria provisória e traz como solução o deputado Valtenir Pereira, que, ao longo da sua caminhada nesta legislatura, tem se posicionado contra tudo o que o PSB prega. Por exemplo, Valtenir votou a favor da Reforma Trabalhista, assim como eu. O PSB defendeu o impeachment da Dilma e o Valtenir votou contra. Ele defendeu o Governo do PT”.
“Valtenir, logo após o impeachment, foi o primeiro a ir para o lado do presidente Michel Temer. É um dos parlamentares que mais tem cargos no Governo Federal. O PSB hoje se posiciona contrário ao Governo Michel Temer, inclusive apoiando a renúncia ou o afastamento do presidente. Então, fica difícil ver coerência dentro dessa decisão do presidente do partido”, completou.
Garcia ainda ressaltou o trabalho realizado nos últimos anos em Mato Grosso, quando ele e o ex-prefeito Mauro Mendes assumiram a presidência do partido, logo após a saída de Valtenir, em 2013.
“Nós recebemos o PSB apenas com um prefeito, o Mauro Mendes, e uma deputada estadual, Luciane Bezerra. Não tinha mais nada no PSB. Construímos nesse tempo um partido que tem hoje 16 prefeitos, 142 vereadores, cinco deputados estaduais e dois deputados federais. O trabalho feito para o crescimento do partido é incontestável”, disse.
Neste final de semana, os membros do partido devem se reunir para discutira volta de Valtenir.
Governo de Taques
Com a volta de Valtenir, a aliança do PSB e o governador Pedro Taques (PSDB) também é ameaçada, uma vez que o parlamentar é um dos críticos mais ferrenhos do Governo tucano.
No entanto, Fabio Garcia garantiu que os deputados estaduais da sigla devem continuar na base de apoio ao Governo, mesmo em uma eventual deliberação da nova diretoria, colocando o PSB na oposição.
“A lei não vai obrigar nenhum deputado a ser oposição ou ser base do Governo. A lei diz que quando um parlamentar se elege por um partido, ele não pode mudar da sigla ao longo da legislatura, sob risco de incorrerem a infidelidade partidária. A menos que tenha um motivo para que faça essa mudança, como por exemplo, uma perseguição”, declarou.
“Nesse caso dos deputados do PSB, precisamos lembrar, que eles fizeram uma campanha apoiando o governador Pedro Taques. Então, me soaria muito raro que pudessem ser considerados infiéis, pois, de uma hora para outra, o partido radicalizou e foi para a oposição. Eles estão seguindo aquilo que é mais importante na democracia, estar apoiando o Governo Taques”, pontuou.
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